sábado, 2 de abril de 2011

A RUA DIREITA QUE NUNCA O FOI



A RUA DIREITA

No meu tempo de adolescente,
quando a virgindade era um pesar,
entrava na Rua direita consciente,
que um dia haveria de tropeçar,
esperançado naquele ambiente,
quem saberia mulher de endeusar
ou mesmo velha de antigamente,
eu só queria mesmo era apagar
aquele fogo que me punha insolente,
testosterona que me queria controlar,
não conseguia, estava mais ardente,
e a rapariga de saia a encurtar,
mostrando uma coxa saliente
e um colo generoso de atarantar,
ganhava febre, sem estar doente,
a mulher não olhava o meu debilitar,
insensível, ao meu desejo “caliente”,
não via a minha necessidade de apalpar,
sempre que eu podia ia religiosamente,
ao “5 Vilas”, a meio da rua para olhar,
outras ao café do “Zé”, lugar decadente,
vezes tantas ao “Madrid” a acreditar
que numa jornada de sorte, seria gente,
a Rua Direita era a realidade a sonhar,
tempos de um tempo inconsequente,
enquanto eu envelhecia sem contar,
aquela artéria foi morrendo docemente,
em promessas de paraíso a enrolar,
caiu a Casa do Queirós rapidamente,
depois o “Emigrante” foi a encerrar,
tudo perdeu aquela graça deprimente,
inferno de almas perdidas a vaguear,
hoje é apenas memória palidamente,
história sem história no modernizar,
vento sem empurrão no parapente,
tenho saudades desta rua do “atacar”.





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