quarta-feira, 2 de março de 2011

EDITORIAL: ESTA CONTINUADA FALTA DE VERGONHA DOS LÍDERES POLÍTICOS

(IMAGEM DA WEB)



 A levar em conta a página de Carlos Cidade no Facebook, Helena Freitas “despede-se” da Assembleia Municipal.
Começo por apresentar –se me é permitido o termo- esta senhora bióloga, e seguindo o seu currículo na Internet, é professora catedrática de Botânica na Universidade de Coimbra. Ainda na gestão universitária é coordenadora do Centro de Ecologia Funcional. Para além disso é directora do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra.
Nas últimas eleições autárquicas foi candidata a líder à Assembleia Municipal de Coimbra pelo Partido Socialista (PS). Exerceu o cargo até agora. Segundo o responsável concelhio, Carlos Cidade, despedindo-se hoje, vai trocá-lo pelo lugar de vice-reitora da Universidade de Coimbra.
Antes de prosseguir, como ressalva, devo declarar que, pelo menos até agora, sempre apreciei esta deputada municipal. E não escrevo isto pela confiança existente entre nós. Falei com Helena Freitas pessoalmente duas ou três vezes. Para além de lho dizer pessoalmente, era ainda candidata e antes do sufrágio, escrevi aqui que o então proponente pelo PS era um “erro de casting”. Depois das eleições perdidas para o executivo da Coligação por Coimbra, cá do meu cantinho, fui acompanhando o seu desempenho no plenário da Câmara Municipal de Coimbra. Tenho de dizer que, para mim, esta eleita nesta assembleia, era uma espécie de flor de lótus com influência em todo o jardim. Pelo que lia nos jornais, todas as bancadas aceitavam a sua moderação e alguns pontos de agenda foram resolvidos graças à sua intervenção.
Vim então agora a saber que Helena Freitas “despede-se da Assembleia Municipal”, segundo informação de Carlos Cidade. Acontece que este mesmo líder da Concelhia do PS, e acerca da renúncia de Carlos Encarnação, ex-presidente da autarquia de Coimbra, há três meses, classificou este acto de abandono como “fuga às responsabilidades”; “se ganhou as eleições, tem uma responsabilidade junto dos eleitores”; “consideramos que, a sua saída, numa primeira análise, é um acto de traição ao povo de Coimbra”, in Diário as Beiras.
Já hoje, em troca de e-mails no Facebook, este reputado socialista, quando questionado por mim e comparando este caso de Helena Freitas com Carlos Encarnação, respondeu textualmente: “Meu caro amigo não tem comparação. A razão tem a ver com o pelouro que ela (Helena) vai ocupar e por isso a renúncia é uma questão de ética, coisa que o Dr. Encarnação não sabe o que é, nem pratica”.
Penso que por aqui já dá para ver a hipocrisia reinante. Num julgamento de casos iguais pesa mais o facto do juiz de dentro, isto é, em causa própria. Elementar esta análise.
Perante tanta lata, sinto-me parvo. Como eleitor sinto-me traído. Para que não se pense que tenho dois pesos e duas medidas, escrevi aqui o mesmo em relação à fuga, renúncia, abandono, troca de lugares, ou outra coisa qualquer, de Carlos Encarnação.
Os partidos políticos, com toda a responsabilidade inerente na apresentação de soluções e de candidatos à resolução dos problemas graves que o país atravessa, não podem nem devem continuar a brincar com os eleitores. O que subjaz, neste caso, no de Encarnação, no de Durão Barroso, é uma teia de interesses pessoais, mesquinhos, que só servem os proponentes e arrasam a Nação. É preciso medidas contra este despudor, contra esta falta de vergonha. Qualquer eleito que renunciar por troca de lugares não pode merecer mais a confiança de qualquer eleitor. Deve ser, pura e simplesmente, arredado da política partidária.
Talvez agora se entenda melhor a razão da concentração do próximo dia 12, com o evento “Um milhão de pessoas na Avenida da Liberdade pela demissão de toda a classe política”. Nesta manifestação colectiva, desencadeada pelas redes da Internet, há muito mais a questionar do que simplesmente se vê a olho nu. Sem dó nem piedade apercebemo-nos de um país que está sentado no divã do psiquiatra. Mas, atente-se, não o faz individualmente, assumindo culpas, exigindo responsabilidades aos seus autores. Contrariamente, escuda-se no todo –reivindicando mil medidas- para não ser comprometido particularmente e continuar, no dia-a-dia, a sorrir hipocritamente para quem lhe passa a perna. Este é o Portugal que temos. Este é o rectângulo que fala, fala, sempre em surdina, mas nunca dá a cara. Estes políticos, como agora o caso de Helena Freitas, não servem os cidadãos. Este Portugal, com este povo que individualmente não se leva a sério, não se serve a si mesmo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois é...

Será que o tempo que esta senhora perdeu vai contar para a reforma?
se vai não devia,sim porque para mudar não vai certamente para pior os euros falam mais alto.
Por ter abdicado do lugar devia repor tudo o que recebeu

Carlos disse...

Que confusão aqui vai... sem dúvida é oatente a falra de informação sobre a constituião e funcionamento do órgão autárquico e da remuneração dos deputados municipais. Estes são remnerados por senhas de presença e não por vencimento regular e em nada interfere par efeitos de reforma.