quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

UMA IMAGEM...QUE NÃO É POR ACASO...



  Esta comunicação pode transmitir, pelo menos, duas realidades. Uma delas, e esta ninguém contesta, é que participa que a loja encerrou. Outra, também tem uma verdade implícita, mas para se chegar lá é preciso ter conhecimento da Baixa, das suas virtudes, vicissitudes, e defeitos. "Mas, então, conte lá, porra!", até parece que estou a ler os seus pensamentos. 
Faça o favor de ter calma! Que quer? Eu gosto de fazer esperar. Como em tudo na vida, o mais esperado é o mais desejado...e então só agora vou dizer onde quero chegar. Um dos grandes problemas do comércio do Centro Histórico é que os grandes comerciantes, com as suas boas lojas de marcas e produtos de qualidade, aos poucos, foram abandonando esta zona antiga para se estabelecerem ou nas grandes superfícies ou noutras zonas nobres da cidade, como é o caso desta que mostro na imagem através da mensagem. Devagar, devagarinho, foram saindo, paulatinamente, como um marinheiro abandona um barco porque crê que a embarcação, a médio prazo, irá submergir. E a Baixa, como anciã abandonada nos guetos da insensibilidade, foi ficando cada vez mais só na solidão que só os velhos sentem e sofrem. Ou seja, com o seu acto de evacuação, ao deixarem de acreditar numa zona que sempre lhes deu tudo, em completa entrega, mostraram não ter o devido respeito e reconhecimento. Igualmente, em metáfora, como não se tem para com os idosos que tanto nos deram quando éramos crianças e nos ensinaram a dar os primeiros passos. 
Em síntese deixo uma interrogação: quem estará pior? A Baixa, que perdeu estes "filhos" -talvez "pródigos", no sentido de que mais empobrecidos voltarão um dia de novo ao seu seio-, ou estes "herdeiros", que na procura legítima de uma vida melhor, em busca de um novo "El Dourado", acabaram por contribuir para a morte de quem os gerou?

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