terça-feira, 12 de outubro de 2010

CADERNETA DE CROMOS: CROMO Nº 2



(FOTO DA WEB)











 ANABELA RODRIGUES: Mamífero carnívoro. Género feminino muito belo. Rosto de tipo óvulo, emoldurado por longos cabelos compridos. O nariz, dividido entre o largo e o achatado, revela uma pessoa intuitiva, sensual, activa e optimista. Ainda que em mais jovem fosse tímida e insegura, com o tempo de amadurecimento foi-se tornando lógica, segura e cativante pela cordialidade que espalha à sua volta. Sabe usar a simpatia como arma temível. No entanto, pela experiência empírica, sabe gerir as distâncias como ninguém e sem precisar de levantar um dedo. Basta-lhe um olhar ou uma frase, com voz sempre bem colocada e na altura certa, para arrumar o seu interlocutor no lugar.
Ninguém resiste a um sorriso da diva. Na sua racionalidade existencial, há muito que deixou de acreditar que os santos resolverão os problemas desta terra. É uma pessoa séria, leal e confiável. Ainda que pareça um paradoxo, Anabela Rodrigues divide-se entre o cerebral e a sonhadora. Na razão, em inquietação de não escorregar, anda sempre a olhar para os pés na preocupação de os assentar na terra firme. Na parte idealista, como nefelibata, balança nas nuvens e sempre com o sonho a ocupar o seu tempo.
Os seus olhos negros expressam uma melancolia paradisíaca. Entrando neles, é como penetrar num universo de estrelas e anjos serafins a tocarem música celestial com longas trombetas de ouro.
É actualmente professora de Penal na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Foi directora do CEJ, Centro de Estudos Judiciários, de 2004 a 2009.
Elencando uma lista de três nomes, proposta pelo Governo Português, ao TEHD, Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, viu o seu nome recusado pela assembleia.
Pela voz do representante da Comissão dos Assuntos Legais e Direitos Humanos, o cipriota Chistos Pourgourrides, foi o governo português acusado de “condicionar a escolha ao enviar uma lista com um “bom candidato (Paulo Pinto de Albuquerque) e dois menos bons (João da Silva Miguel e Anabela Rodrigues).
Anabela, como é seu timbre, depois de muito pensar, não se acanhou. Perante a omnipotência de Chistos e o protesto meio enviesado da administração portuguesa, bateu a porta com estrondo e renunciou a voltar a ser candidata ao TEHD.
Nesta lição da natureza humana, nem tudo se perdeu. Pelo menos, a partir de agora, Anabela Rodrigues, nas orais da faculdade e perante um aluno vai pensar duas vezes antes de o chumbar. Na vida, há lições que jamais se esquecem.


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