sexta-feira, 23 de julho de 2010

COMO NINGUÉM ME CITA...



 Fez ontem precisamente um ano, escrevi esta amostra de poema. Nos dias que correm, em que o "animus" da cidade anda tão em baixo, digam-me lá se não foi bem apanhado. Devia ter sido num momento raríssimo de inspiração, isso não duvido.
Desculpem lá esta falta de vergonhice, mas que querem, se ninguém me cita...cito-me eu. Homessa!

UMA BAIXA OUTRORA TÃO FORMOSA



Se uma imagem pode falar,
talvez esta não encante,
diz-nos que a velha Baixa
não é mesmo grande amante;
É uma cansada prostituta
rodada, pronta a ser usada,
quer por quem cá mora,
ou político de “banhada”;
É usar para despejar
mil desejos recalcados,
até serve para enganar
os “tansos” atrofiados;
Tratam-na como puta,
mas não pagam o serviço,
inconscientes sem conduta,
esquecem o compromisso;
Mas a Baixa é mulher,
e, no peito, tem coração,
ai daquele que souber
que faz dela aberração;
Gritam todos ao senhor,
a vir-se sem condição,
nessa altura é amor,
amor do meu coração;
Mas se um prédio a capitular,
anuncia, e se estatela no chão,
há magotes de gente a reclamar,
aparece logo a televisão;
E a Baixa coitadinha,
pouco formosa e insegura,
debutante tão velhinha,
virgem sem formosura;
Em campanha eleitoral,
todos falam em casar,
é em artigos de jornal,
todos a querem amar;
Mas a Baixa, que é tão baixa,
não pode ser coberta por tantos,
mesmo com o Metro em faixa,
já nem é salva pelos santos;
Se prometerem a santa Catarina,
ninguém acredita na salvação,
venha um Seco ou um Queiroz,
muito menos outra Encarnação;
A Baixa foi ouro que brilhou,
em tempos de garimpeiros,
hoje, nem Prata ressuscitou,
a esperança soterrada em cinzeiros;
A mensagem política que é passada,
é que é a memória a desaparecer,
mas pouco lhes importa, ou mesmo nada,
verdadeiramente, só interessa o poder;
A Baixa está condenada
a ser comida sem dó,
por baixo, é penetrada,
por cima, fazem cocó.

5 comentários:

Jorge Neves disse...

"A abertura das grandes superfícies ao domingo, até às 24h, pode criar mais de dois mil postos de trabalho directos e muitos outros indirectos, garantiu o secretário de Estado do Comércio."
Pois é senhor secretário de Estado, mais 2000 postos de trabalho, menos dois mil no fundo de desemprego, aposto que era isto que queria afirmar, mas não disse que esta medida não vai mandar só duas mil pessoas para o desemprego, vai enviar milhares pessoas para o desemprego que trabalham no comercio tradicional e vai encerrar centenas de lojas de pequeno comercio.
Basta verificar o que se passa na Baixa de Coimbra.
Sem duvida essa sua declaração só pode ser de uma mente iluminada.

Paula Raposo disse...

Estavas mesmo muito inspirado!
Beijos.

LUIS FERNANDES disse...

Tenho dias...
Obrigada.

Anónimo disse...

Gostei.Deixe-se de modéstias,o Luís tem muitos dias assim,apesar de por vezes eu não concordar com o conteudo.
Marco

LUIS FERNANDES disse...

Obrigado Marco. Ainda bem que gosta.
Quanto ao discordarmos muitas vezes, ainda bem, também. E sabe porquê? Porque é exactamente desse desacerto que, a todos, nos leva mais longe no pensamento e a procurar dissecar outras verdades.
Penso que já disse aqui, eu não gosto muito de unanimismo. Prefiro uma conversa acalorada. Penso que já viu também que nunca me escusei a publicar um qualquer comentário que fosse contra aquilo que penso.
Deveria haver aqui mais contribuintes como o amigo, o Jorge Neves, o João Braga -não sei se me esqueci de algum, mas, se o fiz, que me desculpe. Mas enfim...poucos mas bons.
Abraço.