domingo, 27 de junho de 2010

CRÓNICA DA SEMANA PASSADA...






 Cada vez tenho mais dificuldade em escrever coisas relevantes que se passem cá na Cidade do Conhecimento (com maiúscula, que é como manda a tradição!). Isto é um marasmo, ou melhor, é uma cidade de ilusão. Bem, atendendo a que temos cá dois grandes mágicos, o consagrado Luís de Matos –que por acaso foi para Alvaiázere- e o promissor Telmo Melo, se calhar, às tantas, é por isso.
 Juro que estou a falar a sério, quer dizer, eu estou a escrever com seriedade, mas cá a urbe é que não se leva assim. É tudo a brincar. Uma pessoa como eu, habituado a viajar pelo mundo da política internacional, fica assim…como hei-de dizer? Um pouco esgazeado…não sei se estou a ser claro. Se calhar não! Mas vou esforçar-me mais. Juro pela alminha duma pessoa que cá sei se não vou.
É assim: no Tribunal de Coimbra está a ser julgado o presidente da Académica e que era, entre 2003 e 2005, ao mesmo tempo Director Municipal de Administração do Território da Câmara de Coimbra. Um empresário da construção civil diz que deu mais de 300 mil “aéreos” em donativos para o clube para o “dito cujo” despachar os processos. Até aqui tudo normal. Não vejo nada de especial em relação ao que se passa transversalmente no país. A seguir vêm um ex-reitor, um ex-presidente da Assembleia da República, um ex-presidente do Tribunal Constitucional, um professor universitário da Faculdade de Direito, e todos atestam que o senhor é uma boa pessoa. Só o ex-presidente do plenário Republicano é que refere que “eticamente é um bocado rígido”. Ora, peço a vossa ajuda, digníssimo leitor e amigo do meu coração, mas o que é que isto tem de anormal? Nada, obviamente. Isto não é o que se passa em todos os edifícios onde se cozinha a jurisprudência e se decide sobre o nosso futuro? Isto não é igual em todo o país? É ou não é? Pois é. Então para que estou eu aqui a referi-lo? Olhe, porque a falta de assunto na cidade dos estudantes provoca-me uma comichão maior do que se fosse atacado por um exército de pulgas e um batalhão de percevejos. Não sei se estou a ser claro. É tudo normal, pronto!
E mais ainda: então o homem era chefe de divisão lá na autarquia e ninguém sabia de nada? Ainda para chatear mais: perante este caso, considerando o desconhecimento, não deveria haver um responsável político? Quer dizer, lá dever haver, deveria, mas se é assim em todo o país…desculpe lá….mas não estou a perceber a pergunta. Mas afinal onde é que eu quero chegar com este palavreado que ninguém entende, logo a começar por mim? Então eu sei lá? Se isto é normal em Portugal…é evidente que não há responsáveis políticos. Homessa! Eu seja ceguinho se já não estou a desconfiar que dentro de mim existirá um comunista desestabilizador ou até um perigoso agitador anarquista…sei lá? Se está tudo normal, porque raio continuo eu a bater em ferro frio?

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A seguir vem a ilusão do Metro Ligeiro de Superfície. Quer dizer, ilusão não…uma brincadeira! Andam há mais de uma dúzia de anos a vender-nos a ideia de um Metro. (Agora estou a falar para mim) “olha lá ó meu burgesso, onde é que está a admiração? Isto não é tudo normal? Que diabo, a política, ou melhor, as promessas dos políticos nunca foram levadas a sério. Então (continuo a falar comigo em solilóquio), ó meu paspalho, porquê essa cara de parvo em trejeito de admiração? É tudo normal! O que é que tem gastarem-se milhões de euros, se estamos num país rico em…promessas?”.
 Sabendo nós todos que a empresa Metro Mondego, S.A., é uma sociedade anónima de capital exclusivamente público, em que é detido pelas Câmaras Municipais de Coimbra, de Miranda do Corvo, Lousã e maioritariamente pelo Estado. E depois de se terem feito expropriações, demolições, aberto concurso para aquisição de material circulante e de se ter desmantelado a linha da Lousã que serve milhares de pessoas, vem agora o sócio maioritário dizer que o projecto está a ser reavaliado. Perante um cenário de suspensão o que deveriam fazer os presidentes de câmara dos três municípios, enquanto sócios minoritários? Pura e simplesmente, levantarem a mão e dizerem: “muito bem, caro confrade, o senhor pára a obra e nós demitimo-nos em bloco!”.
Claro que isto é um cenário surreal. Seria assim se os três presidentes destas autarquias, de facto e de direito, sentissem “ipsis verbis” que ao ser suspensa a obra estavam a trair a confiança depositada pelos seus eleitores. Porque, para os três presidentes autárquicos, a promessa desta obra ajudou-os a ganharem as eleições. Claro que isto jamais irá acontecer…e porquê? Porque os seus interesses individuais, pela vaidade de continuarem à frente das autarquias, mesmo sem a autoridade que é consignada pelo respeito da palavra dada, falarão mais alto.
Ora isto é alguma coisa de anormal num país que vive destes biscates de palavreado sonso? Claro que não. E porque é que eu trouxe isto para aqui se não conta para nada? Ora, porque sou mais tolo que os tolos…e como não tenho assunto…

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Ontem foi inaugurada a CIC no “choupalinho”. Não estiveram presentes nem o presidente da Câmara Municipal, Carlos Encarnação, nem, o governador Civil, Henrique Fernandes. E o que é que isto tem de anormal? Nada. Às tantas até estarão de férias…(não sei se estão a ver a analogia com o outro presidente, por causa do funeral de Saramago). Então por que raio é que trago este assunto ao nariz como se fosse mostarda? Então eu sei lá! Eu não tenho assunto! Quer dizer…posso inventar qualquer coisita…lá isso posso. E então –um momento que estou a insuflar o peito- armado em chefe da oposição, de voz grossa e bem timbrada, sempre posso interrogar: “ estará certo continuar com aquele espectáculo de mágica que já não convence ninguém, quando a autarquia de Coimbra doou cerca de 100 mil euros mais umas pequenas e naturais ajudas? Então eu sei lá? Como é que eu posso responder ao grande chefe da oposição? Bolas, eu sou simplesmente um escrivão que não sabe nada de nada. Eu seja ceguinho dos dois olhos do meu avô que Deus lá tenha em descanso e não o chame cá por mal.
Porque é que nunca se passa nada nesta cidade? Uma pessoa precisa de escrever. E escreve sobre o quê? Fosca-se…

1 comentário:

Sónia da Veiga disse...

Poderia escrever acerca do imbróglio no parque do Vale das Flores patrocinado pelos irresponsáveis donos de cães que os deixam fazer tudo (literalmente!!!) sem se responsabilizarem por eles e pelos seus dejectos e que deixam famílias e donos de cães responsáveis encalacrados sem ter como aproveitar o local!
Até podia escrever acerca do ridículo que é pagar o justo pelo pecador, quando bastava lá colocar 2 ou 3 polícias municipais (para os turnos não serem muito longos e não se ter que pagar horas extraordinárias!) em vigilância no local porque, com as multas por falta de trelas e açaimes e de limpeza dos dejectos dos animais, juntava-se concerteza dinheiro suficiente para andar com o Metro (pelo menos com a parte que mais falta faz neste momento que é a da linha da Lousã!)!!!

Poderia... mas, para variar, é querer que se tomem decisões com pés e cabeça e não que se caia em facilitismos, e isso seria surreal... :S