segunda-feira, 28 de junho de 2010

BOM DIA PESSOAL...

(IMAGEM DA WEB)




 Olá povoléu. Como é que estão? Bem? Mais uma semanita sem grandes novidades. Quer dizer, há aquela de os jornais de hoje referirem que o PSD está muito à frente do PS. É alguma novidade? Claro que não. É o rotativismo continuado que já vem da segunda metade do século XIX, entre os partidos Regenerador e Progressista, respectivamente liderados pelo Fontes Pereira de Melo e por João Franco  –não sei se se lembram…se calhar não.
O que é quero dizer com isto? Para lhe ser honesto, nem sei bem, mas deve ser qualquer coisa assim para dizer que somos todos uma cambada de estúpidos. Desculpe lá! Não deveria entrar assim…saiu-me. O que queria dizer é que deveríamos ser todos mais inteligentes. Assim já está melhor. É ou não é?
Continuando com o meu “faladró”, que ninguém liga e por isso é que eu escrevo, continuamos a teimar que uma moeda só tem duas faces. Há mais de um século que continuamos a achar que durante uns anos, menos de uma década, o Verso é que é o Salvador da Pátria. O Reverso, por falhanços continuados, mandou-nos para o charco. Tanto animicamente como economicamente.
Ai! Agora é vai ser! Agora que o Verso ganhou as eleições com maioria absoluta. Durante os três primeiros meses, o (Novo) Dom Sebastião, à frente de um exército que todos estamos fartos de conhecer as caras, passa por cima de longos tapetes de pétalas de flores, num ambiente perfumado com cheiro de boa-vontade. Como moldura artística, formando corredores extensos, o povo, aquela amálgama de gente anónima amestrada de miseráveis e outros que tais, que um dia chamaram de classe média, batem palmas fragorosamente. A Imprensa, em grandes títulos de “caixa-alta” lança loas e enaltece o novo conquistador de espíritos carecentes de alguma esperança. Os ricos, aqueles que tremem perante um cenário de bancarrota, lançam-se como cão ao bofe na expectativa de poderem dormir melhor, na fé de não perderem as suas chorudas contas bancárias. O nosso Salvador (com maiúscula) é bestial! Agora é que vai ser. Finalmente temos homem!
Passados seis meses, sabe-se lá porquê, aquele Sol de luz resplandecente está a ficar obscurecido como se estivesse a ocorrer um eclipse. Os jornais passaram dos encómios admirativos para o descrever os actos já com algum frete. A plebe já não vibra com os discursos do libertador.
Passado um ano já é igual ao antecessor, um troca-tintas e um vendilhão de coisa nenhuma. Aos dois anos de governo passou de bestial a besta. Quem é que aguenta um ditador destes? Os da Esquerda apelidam-no de reaccionário de direita. Os da Direita chamam-no de esquerdista, maoista, filho da mãe. “Ainda falta muito para haver eleições?” –interrogam no intervalo de um jogo de futebol, enquanto emborcam um copo de três, acompanhado de uns amendoins.
E vem a proximidade das eleições. O detestado, o inimigo do povo, “esse maldito filho de Belzebu, finalmente vai sair das nossas vidas. Ai isso vai! Eu não votei nele. Eu avisei!”, diz o maralhal com grande ênfase nos cantos, recantos, vielas e becos de uma qualquer cidade amorfa tomada pelo desânimo.
E chega o dia de eleições. O Zé Inácio, que sempre votou, desde os primeiros plebiscitos, retira o fato das grandes ocasiões solenes do guarda-fatos, ajeita a gravata e coloca um vapor de “Old Spice” e lá vai colocar o seu voto…que é secreto.
À noite, junto de umas “bejecas” fresquinhas e uns tremoços bem curados e salgadinhos, vai assistir às emissões na TV para ver quem é que ganhou o combate eleitoral. O Zé está eufórico. Finalmente as coisas vão mudar! Passam poucos minutos das 19 horas. O apresentador do canal dá o resultado das previsões: voltou a ganhar o detestado, o filho de uma mãe perdida e concebido nas giestas campestres, mas agora com maioria relativa. Como é que isto foi possível, interroga-se o Zé em longas consumições. Lá fora, na rua do seu bairro, o barulho é ensurdecedor. São as buzinas dos automóveis, são as panelas e os tachos, são as cornetas dos cornos das goelas de muitos populares.
 E passam os tais três meses de graça e começa a desgraça e todos querem que o detestado, que um dia foi testado e apodado de salvador (agora com letrinha pequenina), caia do cavalo, se demita, seja demitido pelo presidente da República. Ou até que o destino se encarregue de lhe dar uma grande volta aos intestinos e no mínimo, lhe dê uma grande caganeira, que durante uns tempos o incapacite de se voltar a sentar lá no gabinete ministerial. Mas que seja coisa ligeira, que o povo não é rancoroso e não lhe quer mal de morte. Só quer mesmo que ele se afaste durante uns tempos e que vá ocupar um alto cargo na Europa. Só isso. Mais nada.
E nestas andanças vamos andando, cantando e rindo que o povo é sereno e não faz revoltas. Revoluções são mesmo para os militares, mas como já não temos exército não há grande perigo. O problema são os comunistas, que, apesar de cair o muro, continuam a comer meninas como antigamente, ou, sei lá, esses gajos da direita, que “comem tudo e não deixam nada”, ou sei lá? Quem é que vem a seguir para salvar isto? Ainda haverá Salvadores da Pátria?

1 comentário:

Sónia da Veiga disse...

Ó como eu compreendo o Zé...

Eu nem peço Salvadores da Pátria - já me contentava com um meco que não colocasse os bolsos dele e dos Boys à frente do povo todo...