quinta-feira, 8 de abril de 2010

...SEXTA-FEIRA...JANTAR?...NÃO SEI!

(FOTO DE LEONARDO BRAGA PINHEIRO)


 Amanhã, Sexta-feira, vai realizar-se um jantar no restaurante Jardim da Manga, promovido pela ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, a APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, e alguns comerciantes não associados, sobre o lema “Comércio Independente: Uma espécie em via de extinção”, para debater a situação actual do comércio de rua.
Como outros, sou um dos não-associados que apoiam estas duas entidades representativas da actividade mercantil.
Sei que felizmente já há cerca de seis dezenas de inscrições. Mas se não é de todo mau, é um número residual e pouco representativo. Na Baixa existem cerca de 500 estabelecimentos. Ora, perante os números em presença, só cerca de pouco mais de 10 por cento entendem que devem ir debater as suas preocupações.
Há três dias que ando de porta-em-porta a convidar os comerciantes para estarem presentes no jantar-debate. Refiro este facto, não para mostrar o meu esforço -aliás faço pouco-, mas para consubstanciar as expressões que tenho ouvido na rua. Talvez façam pensar. Essa é mesmo a intenção.
Tenho a perfeita noção de que se todos, em escala mínima, fizéssemos algo pelo todo, este pouco, multiplicado por quinhentos seria uma enormidade. Quinhentas pessoas são um exército. Com muitas menos, ao longo da história, defendemos posições aquém e além-mar.
Não me venham dizer que somos poucos e não temos força. Digam antes que, no vosso egoísmo centralizado, se estão a marimbar para vocês e para a zona onde ganham o vosso dinheirinho.
Se não aparecerem amanhã, nem que seja para fazer número e apoiar quem nos quer ajudar, não se queixem a mais ninguém. Continuem à espera do Messias que vos há-de salvar. Continuem à espera, mas sentados…porque ele –que não sei quem é- não é tolo! Ele saberá que só se deve ajudar quem quer ser ajudado e transfere para os outros o sentimento de entreajuda. Quem está de braços cruzados, sem nada fazer pelo próximo, não merece ser apoiado.
A depressão cura-se, essencialmente, com o acreditar em si mesmo. A solução vem de dentro para fora e não o contrário.
Se você vai amanhã ao debate, é evidente que as frases que ouvi e transcrevo mais abaixo não serão para si. Se não vai, então escolha uma.
Vou então reproduzir, por grupos, sem escala hierárquica, o que muitos comerciantes, mas mesmo muitos, me responderam quando lhes perguntava se podíamos contar com eles:


Grupo 1: “Ai que pena ser Sexta-Feira…(que azar!)
…vou aos anos do meu filho”.


2: “Eu até ia, mas o que é vamos lá fazer?
É só conversa…nunca dá nada!”.


3: “Se vou?...Sexta-Feira?...Não sei!...
Também marcam estas coisas sempre
em cima da hora!”.


4: “Não sei se posso…tenho um compromisso!...
Mas para que serve ir?...Precisávamos era de ir
todos à câmara. Temos um presidente  que não
quer saber nada disto!...Nós precisávamos era
de alguém que nos salvasse…”


5: “O que é se lá vai fazer? A ACIC nunca faz
nada! A APBC, igualmente. Nós precisamos é
de estacionamento grátis todos os dias. A polícia
anda sempre na caça à multa…”


6: “Ó amigo, já não há volta a dar a isto…não
vale a pena! Isto é tudo para fechar!”.


7: “Isto só lá vai com pancada. Acabou-se o
tempo das promessas. Só mesmo pela força!
Com falinhas mansas não vamos lá. Se amanhã
é para irmos para o restaurante falar de nada,
vale mais eu não ir. É preciso que saia de lá uma
medida de acção! Ainda estou a pensar se vou.
Talvez vá, sim….”.


8: “ Quem viu esta Baixa…noutros tempos. Não
se vê ninguém! A câmara não se importa com
nada. O deles está certo. As rendas são proibitivas,
mas mesmo assim continuam a praticar-se. Já viu
a loja que fechou ao pé de si, em que o anterior
inquilino pagava mais de 1500 euros? Pois conte
que dentro de dias vai abrir com sapataria.
Se eu vou? Ainda não sei….tenho de falar com o
meu marido…”

3 comentários:

Anónimo disse...

E assim que lutam pelo futuro da baixa e pelo seu proprio futuro, depois não se queixem.

João Braga disse...

Eu irei estar presente.

Anónimo disse...

Como não sou comerciante não vou estar presente, mas gostava de estar a par de tudo que lá se passar.