sábado, 17 de abril de 2010

OS LOUCOS DAS VIELAS MANHOSAS






 É Sábado, 14H45, o Sol, a jogar ao escondidinho, vai fazendo festas num recanto mais afoito. Na Rua Adelino Veiga algumas pessoas, embora não muitas, percorrem aquela artéria em passo rápido. Exceptuando um chinês, ao meio da rua, nem um estabelecimento comercial se encontra aberto.
Entramos na Rua das Padeiras, para além de duas lojas chinesas, aleluia!, está uma sapataria aberta: o "Calçado Guimarães".
Viramos à direita e passamos na Rua da Gala: um chinês está aberto.
Entramos na Rua da Louça, só o "Pinto & Filhos", com frente para a Praça 8 de Maio, se encontra aberto. A meio da rua, no quiosque do Jorge, começa-se a arrumar os jornais e as revistas.
Entramos na Rua do Corvo: só um chinês se encontra aberto ao público.
Entramos na Rua Eduardo Coelho. A sapataria “Teresinha” tem clientes lá dentro. Um pouco mais à frente, cortando à esquerda, no Largo da Freiria, está aberto o “Encanto da Freiria”, uma loja de velharias e “novarias”.  E que, para além de ser mais louco que os loucos, conta umas histórias para quem o quiser ouvir.
Continuando para a frente, voltamos à Rua Eduardo Coelho em direcção à Praça do Comércio, está aberta a perfumaria “Balvera”. Damos mais uns passos à frente e está outra sapataria, a “Angel”. Mais uma passada e temos também a “Anacar”, uma loja de pronto-a-vestir de senhora. E mais ninguém.
Volto para trás e “meto-me” com a D. Lurdes, a dona da “Angel”, que está a atender um cliente conhecido. Depreendo isso pelo trato de afeição. Com quem então faz parte do grupo de “miseráveis” que trabalham ao Sábado de tarde? Interrogo. Antes da comerciante responder, um casal, acompanhado com um miúdo de talvez 10 anos, assoma à porta e interroga: “Desculpem-me, sabem dizer-me se esta loja, aqui à frente, de artigos de comunhão, abre à tarde?”. Responde a comerciante: “infelizmente, não abre não. Só esteve aberta durante a manhã”.
Como sou muito intrometido –que até tenho pena de ser assim- interrogo o homem: queria comprar para o miúdo, era? “Era sim!” Responde. “Que pena não estarem abertos. Durante a semana estamos a trabalhar…é difícil vir cá…”. E vão à sua vida, certamente em busca de algum desgraçadinho que precise de trabalhar ao Sábado e esteja aberto.
Diz-me a dona Lurdes num desabafo, acompanhado de um suspiro: “já viu esta merda? Depois queixam-se que os consumidores vão para os centros comerciais…”

1 comentário:

Anónimo disse...

Mais uma prova pura e dura do que defendo, quem dita as regras do consumo, são os consumidores não os comerciantes. Mudem os habitos senhores comerciantes, começem já pelos horarios.