terça-feira, 9 de março de 2010

UMA MISERÁVEL DISCRIMINAÇÃO PELA IDADE





Anacleto” é comerciante na Baixa de Coimbra. Tem uma loja no Centro Histórico. Como uma grande maioria, pelo menos daqueles que não herdaram as lojas dos seus antepassados, Anacleto tem dificuldades financeiras. O negócio, desde 2002, aquando do “discurso da tanga”, de Durão Barroso, nunca mais parou de cair.
Ora, tendo este empresário uma pequeníssima empresa, e, curiosamente o prédio até é dele, porque não vai ao banco, hipoteca o edifício, e pede um empréstimo? Porque não pode! Anacleto tem 77 anos de idade e a banca, em geral, não lhe empresta um cêntimo…porque pensa que pode morrer amanhã. Dizem-lhe mesmo que, para conseguir numerário, a única solução é ele vender o seu prédio. Alguém lhe perguntou o que significa aquele bem imóvel para a sua vida? Claro que não. Isso interessa lá alguma coisa!
O curioso, sem graça nenhuma, é que desde os 65 anos –portanto, há 12- que não consegue um qualquer financiamento.
Confesso que tenho assistido a discriminações absurdas, mas como esta não me lembro de intervir em igual. Dá para pensar que tipo de sociedade estamos a construir. Talvez valha a pena, nem que seja por um momento, magicar neste assunto. O que queremos fazer dos nossos velhos –não esquecendo que amanhã seremos nós. Será obrigá-los, à força toda, a irem para lares, para lá morrerem depressa?
Para além de ser uma filha-da-putice de uma nojenta discriminação, é tremendamente injusta. O Anacleto, meu amigo de longa data, trabalha desde criança. Para além disso, está estabelecido no comércio da cidade há cerca de quatro décadas.
Isto é alguma coisa? Este homem, que deveria servir de exemplo para as pessoas da sua idade, pelo contrário, “cortam-lhe as pernas” desta maneira.
O problema -não se pense que é único- é que na Baixa existem vários “Anacletos” na mesma situação. Porque é que nunca foi denunciada publicamente esta situação? Sei lá! Provavelmente por vergonha. Esta vergonha, este medo, fobias que nos hão-de dizimar a todos, um a um. Porca miséria…

1 comentário:

Anónimo disse...

A diferença reside no barão.