terça-feira, 5 de janeiro de 2010

QUEM TEM MEDO DOS HOMOSSEXUAIS?






  O PS chama-lhe casamento entre pessoas do mesmo sexo, o PSD escolhe a união civil registada. Para o partido de governo, os entes são chamados de cônjuges, para o partido laranja são parceiros. Para a Plataforma Cidadania e Casamento (PCC), tanto faz uma coisa como outra desde que…haja referendo. Está aí a discussão em torno deste tema fracturante da sociedade portuguesa. Na próxima sexta-feira vai ser discutida e votada na Assembleia da República a petição com mais de 90 mil assinaturas.
Há cerca de um mês li uma carta de Isilda Pegado, Jurista e mandatária da PCC, publicada no jornal Público. Pegando num extracto do seu texto, refere: “(…) Mas a experiência humana e memória de muitos séculos deu a conhecer aos homens que determinadas formas de organização social são boas e outras serão menos boas. Por isso, a lei quando é feita só pode ter um de dois objectivos, reprimir -sancionar e proibir um comportamento- ou aplaudir –proteger e incentivar outro comportamento humano. Ao tomar posição, em nome da sociedade, a lei dá também orientação ao indivíduo. (…) Este é o ponto central do referendo ao casamento homossexual. O que quer esta sociedade do casamento e da protecção do superior interesse da criança? (…) Porém a questão da celebração do casamento homossexual não é de direitos, mas de requisitos e estrutura social. Como queremos viver? É uma decisão colectiva.”
Já o escrevi aqui, a minha opinião nem está a favor do sim nem do não. É “nim”. E é possível ter esta metade de nada? Para mim é. Eu não tenho nada contra ou a favor dos homossexuais. É uma opção que lhes diz respeito, apenas e só, a eles próprios. Chamei aqui o texto desta senhora (que não conheço) somente para mostrar como na cabeça de certas pessoas –sobretudo juristas, sem ofensa para a classe- tudo se decide entre o sim e o não. Aliás, a proposta da pergunta para o referendo pela PCC –se vier a acontecer, espero que não- é “Concorda que o casamento possa ser celebrado entre pessoas do mesmo sexo?”. Este tipo de interrogação é altamente tendencioso e passa um atestado de incapacidade, para não dizer burrice, a quem responder. Entre o sim e o não existem muitas nuances que devem ser levadas em conta. E mais, o próprio Instituto do Referendo, tendo em conta a pouca participação dos portugueses, cada vez deve ser mais questionado. Mesmo indo pouco além de 50 por cento, embora seja legal, não é representativo e passa a ser simplesmente uma fraude. Que, notoriamente, a PCC sabe isso e lança os dados no tabuleiro das peças sem representatividade. E até recorre à chantagem da adopção.
Uma pergunta que faço amiúde é o porquê deste alarme social? Porquê tanto medo dos homossexuais? Só posso entender este comportamento recorrendo a Freud, ou a Jung, e fazendo analogia com o complexo de Édipo. A sexualidade humana continua a ser um grande problema para a maioria. Causam medo todos aqueles que a declaram não como um problema mas como uma solução. Vale mais matar o pai e viver em concubinato com a mãe –desde que não se saiba. Tudo o que se assuma contra a norma estabelecida –a que se divide entre o reprimir e o aplaudir, como escrevia a jurista do PCC- é contranatura e vale mais ignorar.
Estranha forma de pensar destas pessoas. Porque insistem tanto em defender um padrão de família que já não existe? Porque não aceitam que o conceito romano de família está mesmo em decadência? Para o bem e para o mal, temos mesmo de aceitar este facto como verdade absoluta.
No fundo, bem no fundo, para mim –que até sou um idiota de um heterossexual assumido- estas pessoas do PCC são infelizes e não podem com alguém que queira ser feliz.
Se tiverem duvidas, vejam o belíssimo filme Philadelphia.

2 comentários:

Anónimo disse...

Será que tambem defendem um referendo para se comer bacalhau cozido sem ser na noite de natal.

Anónimo disse...

Caro Jorge Neves

O bacalhau pode ser comido em qualquer altura...agora, "casamento" de paneleiros é uma total inversão de valores.

Há coisas que não fazem sentido, neste caso da paneleiragem, casar não é o termo certo. Um casal não são dois da mesma espécie mas, de espécies diferentes. Um par são dois da mesma espécie e isso não casa.

Falar de descriminação, é idiotice, não se pode tratar de forma igual aquilo que é diferente.

Vivemos uma época muito conturbada, esta história do "casamento" dos homossexuais só aparece devido à confusão que vai na cabeça de muita gente.

O Partido em que normalmente voto, enganou-me, apoiar estes "casamentos", é uma fraude.

Quem tem medo do referendo ?
Seguramente, os adeptos desta maluquice.

L. Pereira