segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

AVATAR E OS ÓCULOS 3 D







  No dia de Ano Novo, juntamente com a minha mulher, fui ver o filme Avatar. Comprámos os ingressos e entregaram-nos dois óculos em plástico e próprios para visionar a película. No recibo emitido, total: 15,80 euros. Em descrição: “Bilhete Cinema 13,80 euros; 50% do Upgrade 3D 2,00 euros.
Fomos ver o filme do realizador de “Titanic”, James Cameron. Gostámos e recomendamos. É uma história onde os efeitos especiais marcam presença e, em viagem intergalática, nos acompanham na fantasia. Deixa-nos a pensar até onde pode ir a ambição do homem. Para obter um mineral raro, que se vende a muitos milhões de dólares o quilo, não se hesita em destruir floresta, microcosmos, e matar os seus habitantes e tudo o que mexa.
No dia seguinte, por proposta minha, foram os meus filhos ver a fita cinematográfica que se inculca mexer nas consciências em defesa do planeta. Como já tinha os óculos do dia anterior –e pelos quais paguei 2,00 euros- solicitei apenas os bilhetes. Estranhamente, o funcionário impôs-me a venda de mais dois óculos. “Que a cada bilhete emitido correspondia um par de óculos e o pagamento de 1,00 euro era indissociável”, replicou. Argumentei que não precisava das lunetas e que não estava certo ter de as pagar outra vez. Novamente argumentou o funcionário: “O senhor não está a pagar os óculos, mas sim uma taxa para uma máquina especial usada na projecção do filme a três dimensões”.
Ora, perante um filme que, presumivelmente, alerta para a conservação do planeta, várias questões legais e morais se levantam.
Nas pendências morais, estranha-se que, em vez de serem usados óculos de papel reciclável, se entreguem ao espectador lunetas em plástico e sem hipótese de ser reciclado, ou, no mínimo, reutilizado.
No âmbito legal, estou em crer –e salvo melhor opinião- que, se os óculos são vendidos como parece, e não permitindo o seu reaproveitamento, estamos perante uma venda forçada. Ou seja, para se adquirir um bem somos obrigados a comprar outro em pacote. Genericamente a chamada venda sob coacção. No caso, só se vende o bilhete para o filme a quem comprar os óculos.
Se realmente os óculos são oferecidos e o euro que é pago é uma “taxa para uma máquina especial”, estamos perante uma especulação gritante. Um abuso que urge denunciar. Que eu saiba, nenhuma empresa neste País, por gigantesca que seja, tem legitimidade legal para criar taxas.
Talvez já se entenda por que é o filme “Avatar já é a quarta película mais rentável”, como escrevia o Diário de Coimbra de hoje.

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