segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ADEUS TIO JOSÉ






Meu tio está de partida,
reparem, não leva nada,
tem a cara acriançada,
serena imagem benzida;
Envolve-o um sobretudo,
aos seus pés umas flores,
talvez sejam desamores,
embrulhados em veludo;
Deixa tudo p’ra quem ficar,
terras, casas e dinheiro,
já não precisa de caseiro,
só quer paz quando chegar;
Muitos choram a sua ida,
ele não liga, vai feliz,
só lamenta esta matriz,
de lacrimar no fim da vida;
Parece não ver, mas sente,
o fingimento reinante,
só vê explicação abundante
na culpa que nunca mente;
A vida é uma grande lição,
é pena, só tarde o percebermos,
sem tempo para entristecermos,
quando já não resta solução;
Quanto vale uma discussão,
o ódio, a guerra e a soberba,
um metro de terra de perda,
para no fim acabar em perdão;
Mas José também leva solidão,
não viajou; tudo fez para poupar,
só se preocupou em bens deixar,
recebeu em troca enorme desilusão;

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