terça-feira, 22 de dezembro de 2009

AUTARQUIAS CALOTEIRAS PROVOCAM MISÉRIA





Era um dia cinzento, fim de Outono a entrar no Inverno. O homem que entrou pela minha porta teria sessenta e poucos anos. Era atarracado de cãs prateadas e os seus ombros ligeiramente descaídos faziam crer ter suportado muitas cargas pesadas ao longo da vida.
Começa por me cumprimentar, “bom dia! É o senhor Luís Fernandes? Desculpe…não nos conhecemos. Mesmo assim tenho o atrevimento de vir falar consigo. Pedir-lhe um favor. Costumo ler o que escreve no jornal. Leio sempre. Só venho aqui porque realmente estou desesperado e não sei a quem recorrer”.
Do interior de uma pasta, retirou um monte de facturas. No cabeçalho, a letras vermelhas, o logótipo de uma empresa. Nas linhas destinadas ao endereço de clientes, poderia ler-se o nome de várias câmaras municipais: de Coimbra, de Figueira da Foz, de Figueiró dos Vinhos, de Sertã e outras que não vale a pena nomear.
Continua o homem, “sou o dono desta firma –diz-me, apontando a sigla das vendas a dinheiro. É uma pequena empresa a laborar aqui na cidade. Tenho quase uma dúzia de empregados. Aqui, nestas facturas, estão muito mais do que 30 mil euros, correspondentes a fornecimentos de todo o ano de 2009, de dívidas destas autarquias. Naturalmente, conforme a lei prescreve, já liquidei o IVA respectivo. Há um ano que não me pagam as encomendas fornecidas pela minha pequena firma.
Estou aflito para pagar os ordenados aos meus empregados. Já nem falo do meu, que não retiro há imenso tempo. Não sei a quem apelar. Não posso publicitar o meu crédito. Se o fizer, em “revanche”, ainda irão demorar mais tempo e, provavelmente, deixarão de me comprar. Por incrível que possa parecer, pelo atraso nos pagamentos, eu preciso deles para manter os postos de trabalho dos meus empregados. Mas tenho absoluta necessidade que me paguem o que devem. Sem essa prerrogativa acabarei por perder tudo. O senhor poderá ajudar-me, escrevendo um texto para apelar a estas câmaras ao cumprimento da sua obrigação contratual? O senhor faz-me isso?” Reparei que os seus olhos começaram a ficar inundados num mar de desalento. “Faz? Obrigado, do fundo do meu coração. Mas, por favor, não refira jamais o nome da minha empresa!”.
Despede-se de mim com um abraço. “Os meus sinceros agradecimentos. Um bom Natal. Para si e para todos. Incluindo as câmaras municipais que me obrigam a tomar medicamentos para dormir e antidepressivos para aguentar esta angústia e sofrimento”.

2 comentários:

Anónimo disse...

A unica que cumpre, ou melhor cumpria era a de Penacova, em contrapartida tambem a unica que de obras nem visto.

Anónimo disse...

Se a Câmara Municipal de Coimbra não paga a tempo e horas, porque lhe executam serviços?
Aos caloteiros não se fia.
Mas toda a gente sabe, quando concorrem a obras o que os espera.
A Câmara de Coimbra, já foi bastante pior ácerca de 4 anos.
Com esta nova gente não se espere milagres.
O dinheiro não chega para tudo, porque têm honrar compromissos eleitorais com os BOY'S"OS COLA CARTAZES E TOCAM BOMBO" na campanha eleitoral.