segunda-feira, 9 de novembro de 2009

UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE O VÍDEO DO DIA)


annafromevora deixou um novo comentário na sua mensagem "O VÍDEO DO DIA":

Fico feliz por saber que ainda há pessoas com 52 anos a pensar assim ... Eu, talvez por ter mais 10 anos, já sinto o cepticismo a inundar-me a alma e a esperança a escoar-se indiferente e friamente.
O 25 de Abril deu-se já eu era adulta e quanto eu sonhei ... O muro de Berlim caiu há 20 anos e eu ... ainda consegui sonhar! A crise mundial surgiu e eu, embora um pouco a medo, ainda me atrevi a sonhar que os homens iriam mudar de vida, pelo menos no respeitante ao consumismo e enfim aos bens materiais não essenciais … mas está tudo na mesma! Apenas uns casos pontuais de solidariedade para acalmar algumas inquietações. Os ricos estão em geral mais ricos e os pobres mais miseráveis.
Voltando a pensar no vídeo, afinal o que é o poder? Um vício que precisa ser alimentado diariamente? E o Homem nasce Bom e depois é que se deforma ou será ao contrário ? É a nossa inteligência o motivo de tal deficiência? É que os outros animais só recorrem à violência por sobrevivência ... e a nossa maravilhosa inteligência, que permite que estejamos "aqui" a partilhar as nossas ideias, sonhos, emoções ... não serve para tornar o mundo melhor ?
Porquê? Porquê? Porquê?
E porque estamos AGORA cá, neste planeta minúsculo do Universo que sabemos existir e que não sabemos ser tudo o que existe?
Aqui deixo o que se me ofereceu dizer ao conhecer este blog e ao acabar de ver este vídeo.


NOTA DO REDACTOR: Muito obrigada, Ana, por ter comentado. Agradeço-lhe mesmo, sinceramente. Por acaso já estava a pensar em escrever um post exactamente sobre este tema -ainda hoje o escreverei- ainda bem que partilhou comigo todas as suas legítimas interrogações.
Então é assim: eu inseri o vídeo para fazer pensar. Essa foi mesmo a minha intenção. Mas já que fala, acertadamente, entre muitas coisas e nomeadamente na dúvida metodológica ou certeza na ambiguidade de Rosseau, vou dizer-lhe o que penso e onde me coloco nesta balança aferida pelos nossos sentimentos.
Tenho para mim que a idade, à medida que avança, nos torna mais realistas. Ou seja, até aos cinquenta anos, dividimo-nos entre pessimistas e optimistas. Depois de passar o meio-século, talvez porque, abruptamente, tomemos consciência da nossa finitude, de que realmente estamos no último capítulo da nossa história, passamos então a ser realistas/cépticos. O sonho já não é vivido da mesma forma. Vemos as coisas na mesma linha que elas têm. Assim numa de ver para crer. Olhamos o presente com alguma displicência e distância. Já não embandeiramos em arco com tanta facilidade. Tornamo-nos mais sábios e quase que nos tornamos prescientes, passamos a adivinhar o que lá vem.
E então, onde me coloco, interroga? Exactamente nessa posição da balança, onde num prato está a realidade, e no outro está o meu lado céptico…a cair no optimismo –quer dizer que, talvez imaturamente, ainda não atingi o tal estádio de pessimismo total. E porquê um dos pratos a cair no optimismo? Olhe, se calhar, amparando-me na tal dicotomia Rosseauista e contrariada por Hobbes. Se não se sabe se o homem nasce bom e é a sociedade que o conspurca, nessa dúvida, poderemos acreditar que ainda há esperança para um homem melhor. Se for assim, pode ser que a colectividade ocupe o lugar que lhe cabe. Depois, o homem (literalmente falando) é o maior mistério e a maior realização construída da natureza. Como se sabe, em tantos exemplos vistos, a mãe de todas as coisas (a natureza), através de um processo de selecção natural –ou evolução contínua selectiva- vai expurgando tudo o que lhe é adverso e contribui para obliterar a sua pureza. Ora, a ser assim, porque não acreditar que o próprio homem, aquele que tanto destrói, mas, como ser único, é capaz de se multiplicar e reproduzir tudo em laboratório, fazendo parte deste grande enigma e seguindo-lhe os mesmos passos, irá expulsar as folhas secas que se lhe atravessam no caminho e contribuem para a sua impuridade?
Com toda a franqueza, continuo a acreditar na bondade do ser, e que, aos poucos, caminhamos para esse estádio de genuinidade.
Um grande abraço…e tenhamos fé.

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