sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A MINHA SINA





Encontrei uma cigana que me queria ler a sina,
deixei-me ir na onda, ardendo em curiosidade,
pegando na minha mão, disse que era de menina,
talvez noutra vida, eu fora rameira numa cidade;
Ou então um grande artista, poeta, talvez escritor,
quem sabe Pablo Neruda, em espírito a renascer,
ser ou não ser eis a questão, tinha sorte no amor,
Shaskespeare de outro tempo, bem eu poderia ser;
Seguiu-me a linha da vida, disse que eu ia viver,
para além de uma grande amor, aos cem chegaria,
viria a ser muito rico, abastado até sem querer,
seria dono do mundo, até chover eu mandaria;
Muita gente me queria bem, outros, muito mal,
sofria de mal de inveja, de alguém familiar,
era melhor eu ser tratado, caso então era fatal,
perguntei qual o preço, disse não me preocupar;
Pagaria a prestações, num cêntimo começaria,
e apenas, durante todo o tempo que eu vivesse,
haveria só uma condição: todos os dias dobraria,
ficaria liquidado no dia em que eu morresse;
Achei um bom negócio, fui logo comemorar,
encontrei a minha prima, comecei a descrever,
não me pareceu entusiasmada, deu para notar,
afinal o que se passa? Tentei logo ali saber;
Pareceu-me comprometida, começou a chorar,
disse que muito me amava, custava dizer assim,
abraçou-me ali aos beijos, não a consegui parar,
disse-me que invejava tudo o que vinha de mim;
Corri atrás da gitana para desmanchar o trato,
a maleita que ela contava era simples invenção,
apanhou-me em dia negro, caí que nem um pato,
não apanhei a cigana, mas estou bem do coração.

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