sábado, 29 de agosto de 2009

UM VÍDEO QUE DÁ QUE PENSAR



 Conta o semanário Expresso desta semana que “entre “sopinhas”, “papo-secos” e ralhetes de chinelo na mão, os vídeos da “Portuguese Grandmother” chegam a render mais de 80 mil visitas. O autor é Jeff, o neto de 19 anos que se dedica arreliar a avó açoriana para filmar e pôr no “YouTube”. O sotaque açoriano está sempre presente, uma vez que a família é oriunda dos Açores e está a viver no Canadá.”
“(…) O sucesso galgou as fronteiras do “YouTube” e a “portuguese grandmother” é já falada nos mais diversos fóruns e redes sociais. Só no “Facebook” tem mais de mil fãs, que deixam inúmeras mensagens a pedir mais vídeos e a dizer o quanto se divertem com a espontaneidade da avó. Espontaneidade essa que se deve, seguramente, ao facto de a senhora não ter a mais pequena noção acerca do sítio onde vão parar as imagens filmadas pelo neto”, extracto do jornal Expresso de hoje.


São tantas as indignidades que trespassam desta acção que nem sei por onde começar.
Começo talvez pelo abuso, pela exploração gratuita de uma pessoa –que no caso é uma avó portuguesa- que pela ignorância não sabe que está a ser ridicularizada mundialmente. E aqui, quanto a mim, a Embaixada Portuguesa no Canadá, constituindo-se assistente, deveria chamar a si este crime de abuso de confiança de um seu cidadão, através de exposição pública de imagem, que, provavelmente, pela idade e iliteracia, numa forma torpe, está a ser vexada por um fedelho que no mínimo deveria levar um par de bofetadas, filmar o correctivo, e colocar igualmente o vídeo no “YoTube”.
A seguir gostaria de “pegar” ao de leve neste “voyeurismo” patológico que assola a população mundial sem o mínimo pingo de vergonha. Se as pessoas não acederem ao vídeo este neto camafeu de certeza absoluta que não continuaria. Bolas!, não se trata de uma bela mulher que, plena do seu total conhecimento, mostra as suas traquinices. Trata-se, isso sim, de uma pessoa idosa, que resultado de uma cultura fechada que viveu, se expressa na forma que sente e sabe. Eu vi três vídeos. E o que senti é algo inexplicável. Visionar estas imagens é sentirmos estar a ser coniventes numa injustiça sem nome.
Por último, olhemos um pouco o procedimento deste jovem –que por acaso é de ascendência lusa, mas, para o caso, é irrelevante- e transmutemo-lo para a relação entre novos –os nossos netos ou filhos- e velhos. E o que pensamos? Estamos fornicados!!

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