segunda-feira, 10 de agosto de 2009

BAIXA: LUIS CORTÊS GANHA CD DE PRATA





São 10 horas da manhã desta segunda-feira. Como habitualmente, e desde há cerca de dois meses a esta parte, no largo da Loja do Cidadão, o senhor Rocha Fernandes monta o “estaminé”, como quem diz, coloca o cartaz com a efígie de Horácio Pina Prata, de um metro e meio por um, encostado ao pilar, ergue as pernas da mesa de apoio, retira os panfletos programáticos do candidato à autarquia de Coimbra, colocando-os em cima desta, afasta-se para ver o enquadramento, e pronto! “Vamos a mais uma manhã na recolha de assinaturas”, pensa para si. Ali ao lado, a carrinha, com o rosto do candidato agigantado e a cor predominante alaranjada, debita uns “sound bytes” de Vangelis, na música que foi a banda sonora do filme “1492 –A conquista do paraíso”, na odisseia de Cristóvão Colombo na conquista da América.
Agora, em paralelo com o senhor Rocha, está o Luís Cortês com o seu órgão. Está a cantar “vamos, vamos votar, com o Pina Prata esta cidade mudar”. Os transeuntes param. Ficam a olhar, e a ouvir, para o músico. Nas suas feições transparece uma mistura de incredulidade e, ao mesmo tempo, um sorriso. Como se interrogassem: “este homem não deveria ser aproveitado?”.
Mas o Luís, hoje, está muito feliz. Apercebo-me pelos traços de contentamento no rosto. Que se passa, Luís? Interrogo. “Ai não sabe? Mais logo, lá para as 15 horas, vou directamente para os estúdios da Valentim de Carvalho gravar quatro hinos originais em CD, compostos e musicados por mim, para serem a banda sonora da campanha eleitoral de Pina Prata, a partir de 1 de Setembro, nas freguesias”.
Questiono então o senhor Rocha, acerca desta boa-nova para o Luís. “É verdade, sim senhor! O engenheiro, tendo em conta o talento do Luís Cortês, decidiu, de acordo com o músico, gravar os seus originais. Já viu? - pedindo-me atenção dobrada-, Diga-me, não é uma pena este rapaz, com o talento que tem, estar aqui, num canto da rua, como se fosse um mendigo?”, enfatiza o Rocha Fernandes.
Como jornalista de trazer por casa, interrogo o senhor Fernandes. Diga-me, qual é a sua função na candidatura de Pina Prata?
-Olhe, é assim, eu sou militante activo do PSD. Uma espécie de divulgador programático de campanhas. Fiz a de Cavaco Silva, tornando público o seu programa, e, mais recentemente, a de Rangel para as “europeias”…
-Então, o senhor é um ícone ganhador, uma espécie de amuleto da sorte. Está em todas para ganhar? Interrompo.
-Ora bem: eu estou nesta campanha porque acredito no engenheiro…
-Mas não teme vir a ser expulso do partido, tal como aconteceu ao Prata, e mais recentemente, na freguesia dos Olivais, com retaliações no apoio de Jorge Antunes a esta candidatura? Especulo.
-É assim: eu espero consequências. Já conto com isso. O PSD anda “à rasca” com o engenheiro. Dá para ver. Até ao dia 7 deste mês –dia em que o Diário de Coimbra divulgou, em primeira página, que Pina Prata já tinha 10 mil assinaturas- todos os dias aqui passava um militante do partido a perguntar: “então, Ó Rocha, já tens as 4000 assinaturas?”.
-E o senhor o que respondia? Interrogo, curioso.
-“Ó…ó…está muito difícil. Nem sei se vamos conseguir”, relata-me o senhor Fernandes a rir a bandeiras desfraldadas.

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