terça-feira, 7 de julho de 2009

UMA IMAGEM...POR ACASO...






Atente-se nesta jóia, neste bonito edifício neo-clássico, e sobretudo nas varandas saídas e em forma de retábulo, na Avenida Fernão de Magalhães.
Metaforicamente, se eu fosse este edifício estaria muito triste na forma com era tratado pelos humanos. Começaria por lamentar os aparelhos de ar condicionado nas paredes e até numa das varandas.
Mas, quanto a mim, o pior serão estes “jacobs” de lixo a ele encostados. Repare-se, estamos na principal avenida da cidade. Fará sentido esta colocação? Ponderando a harmonização dos interesses, qual será o maior: o escoamento do lixo ou a paisagem urbana? Acho que não há discussão. Não poderiam recolher estes recipientes para fora de vistas?
Para além disso, repare-se. São 14H30, veja o lixo que para ali está. É evidente que não vou culpar os serviços de higiene –embora caiba, por inerência, a estes serviços evitar a possibilidade de fazer estes "bonecos".
É curioso que quando se fazem inquéritos no centro histórico, a limpeza surge nos primeiros itens de preocupação. No dia-a-dia, constata-se que quer residentes, quer comerciantes, colocam os seus resíduos a qualquer hora do dia na rua. Já o escrevi várias vezes, estas pessoas tratam a cidade, a Baixa, como uma prostituta. Servem-se dela, quer para viverem, quer para ganharem a sua vida, mas pouco fazem para a manter viva. Usam-na sem qualquer respeito pela sua identidade e personalidade. Em analogia, “montam-na”, “ejaculam”, e a seguir abandonam-na ao seu destino. Aparentemente, parece que nos dias subsequentes não voltarão a ter necessidade dela. É talvez por isso, entre outras, que a cidade envelhece, não tanto pela idade, mas pela incúria, pelo desleixo a que está votada.
Talvez valha a pena pensar nisto…

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