sexta-feira, 26 de junho de 2009

OS ÍCONES TAMBÉM SE ABATEM




Morreu ontem Michael Jackson. Se os “media” nos lembram a sua vida, sobretudo a televisão, a toda a hora, somos bombardeados com mais, e mais, imagens do seu percurso artístico. Por exemplo, ontem, depois do jantar, a SIC interrompeu a programação várias vezes para noticiar a sua morte. Mais parecia, pela informação especial, que tinha havido um grande terramoto, a queda de um avião, o desaparecimento de um grande chefe de Estado.
Não quero dizer com isto que ao “Rei da pop” lhe seja negado o seu valor artístico na grande galeria mundial da arte universal. Vem-me à lembrança Elvis Presley, James Brown, Frank Sinatra, Amália Rodrigues, por exemplo. Mas uma coisa considero, há um manifesto exagero noticiarista aquando do desaparecimento destas pessoas. Foram ícones do mundo inteiro? Foram sim senhor! Ninguém lhes pode negar esse legítimo legado que deixaram à humanidade e, para gáudio das suas editoras e dos seus herdeiros, os direitos das suas músicas vai-lhes permitir não terem preocupações futuras com a prestação da renda de casa.
Ao noticiar as suas mortes, quanto a mim, há aqui um perfeito desvario. É como se, com o seu desaparecimento, um pouco de nós também se fosse. Pelo menos é o que nos querem fazer crer. É mentira. Uma redundante falácia. Estes artistas, sem entrar na sua vida privada, que foi uma desgraça em maus exemplos para as crianças e jovens. Enquanto duraram, entre nós, na sua existência, foram pagos principescamente a peso de ouro. Que, aliás, cada vez mais, nesta crise mundial, se deveria questionar para onde caminha o mundo ao pagar mais por estes artistas –incluindo o nosso maior futebolista português- do que o PIB, Produto Interno Bruto, de tantos países do terceiro mundo, onde a fome e a desgraça andam de mãos dadas.
Num globo liberal, em que a economia mundial manobra entre a oferta e a procura, é legítimo? É sim senhor! Ética e moralmente é aceitável? Não. É claro que se pode dizer que a ética e a moral, enquanto princípios racionais, para o bem e para o mal, nunca caminharam –nem caminharão, jamais- ao lado desta irracional economia liberal mundial.
Em suma, a humanidade fica a dever alguma coisa a estes grandes artistas pela sua prestação artística–pouco generosa, diga-se a propósito, embora com excepções-, enquanto andaram por cá? Tenho a certeza que se contas houvesse a acertar, as dívidas cairiam fortemente no vermelho para estas pessoas.
Pensemos um pouco, no nosso pequeno universo artístico português. Quantos bons pintores, quantos bons escritores, quantos bons músicos, e outras classes que não lembro, porque vivemos num país pequeno, de ridículas invejas maledicentes, onde o interesse particular egoísta se sobrepõe ao interesse público nacional, ninguém lhes liga, quase em procedimento criminoso.
A máquina do marketing, aberrantemente sem princípios, apenas interessada no seu umbigo, discrimina uma maioria enorme de artistas para concentrar toda a sua atenção em dois ou três.
A culpa será apenas destes comandantes que guiam estas máquinas de fazer dinheiro? Não. É de todos. Porque duma forma miserável, como carneiros, seguimos à linha as suas ordens como se fôssemos marionetas. Em consequência desta fraude gigantesca de marketing, todos, ou quase, vamos logo a correr comprar o livro, o disco, o quadro, a escultura, ou outra porcaria qualquer, por que nos foi aconselhada pelo “big brather” do comércio mundial.
Deveríamos pensar nisto. Uma minoria de ícones, arrastados por “managers” sem escrúpulos, destrói todos os anseios de uma plêiade de grandes artistas a nível mundial, e, o mais grave, é que todos somos coniventes.
Valha-nos a natureza ou Deus, que estes ícones também se abatam, e assim, naturalmente, dirimir estas injustiças flagrantes. Caso contrário, se conseguissem comprar a morte, todos os outros artistas, que pelo seu valor não conseguem o reconhecimento, nunca atingiriam o estrelato. Deus ou a natureza são mesmo muito justos.

1 comentário:

João Braga disse...

Isto é obra do marketing ???? Para mim é história e espero ter pelo menos + 30 anos para ouvir muitas destas músicas. O MJ foi sem qualquer contestação, o expoente máximo musical de mais do que uma geração de jovens a nível mundial e musical. Agora que o homem era excêntrico demais, isso também é uma verdade, mas é outra história.
Fica aqui nota das músicas publicadas em registo musical que serviram de homenagem para comemoração dos seus (muito curtos) 50 anos :

Disc 1:

1. "Billie Jean"
2. "Man in the Mirror"
3. "Smooth Criminal"
4. "Beat It"
5. "Thriller"
6. "They Don't Care About Us"
7. "Who Is It"
8. "Black or White"
9. "You Rock My World"
10. "Wanna Be Startin' Somethin'"
11. "The Way You Make Me Feel"
12. "Don't Stop 'til You Get Enough"
13. "Dirty Diana"
14. "Blood on the Dance Floor"
15. "Rock With You"
16. "Stranger in Moscow"
17. "Remember the Time"



Disc 2:

1. "Will You Be There"
2. "Give In to Me"
3. "You Are Not Alone"
4. "Say Say Say"
5. "Scream"
6. "State of Shock"
7. "Got the Hots"
8. "You Can't Win"
9. "Fall Again"
10. "Sunset Driver"
11. "Someone Put Your Hand Out"
12. "In the Back"
13. "We Are the World"
14. "One More Chance"
15. "Thriller Megamix" [13

Mais informação http://en.wikipedia.org/wiki/King_of_Pop_(album)