sexta-feira, 12 de junho de 2009

GRIPE DOS ABADES -UMA NOVA PANDEMIA?




A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um alerta mundial de pandemia de Gripe A e avisou para os riscos de uma segunda vaga. Para além disso, chamam a atenção para a probabilidade de 25% da população portuguesa poder vir a ser afectada pela doença.
Nestas coisas de pandemias, que me deixam sempre de “pé-atrás”, estou para elas exactamente como estou para as terapias africanas do professor Bambo. Pura e simplesmente não acredito nos seus efeitos.
Mesmo assim, para não ser tomado por sectário, fui para a rua entrevistar os anónimos passantes.
Olha, vai este mesmo, que homem giro e bem vestido, contorce-se todo a andar. Parece uma flor de lótus a ondular ao sabor do vento norte.
-Bom dia, o senhor desculpe, é para o blogue Questões Nacionais, estou a recolher opiniões acerca da declaração de pandemia de Gripe A e o alerta de que um quarto da população portuguesa corre sérios riscos, o que pensa o senhor?
-Ai filho!, claro que concordo –e começa a apertar-me as bochechas, mau-mau. É preciso fazer a prevenção. Mas há uma coisa, as vacinas devem ser ministradas em forma de supositório –e começa a puxar-me os cabelos do peito. Fosca-se, o raio do homem! Xô! Não quero ouvir mais nada…
Encontrei outra pessoa, vou interrogá-la acerca do que pensa. Pelo ar pesado, de samarra com gola de raposa, parece-me ser uma pessoa do campo.
O quê pandemia? O que é isso? O menino está a brincar comigo? Lá na minha terra, no Sabugueiro, ninguém adoece. Lá trabalha-se duro. Vocês aqui, citadinos de uma figa, que nem conhecem uma galinha, estão habituados à maladragem. Vão mas é trabalhar rafeiros…”
Fogo, tive de abandonar a criatura, se não, estava a ver que ainda comia pela medida grossa.
A seguir, ali junto ao Café Santa Cruz, encontrei o Almerindo Abrolhos. Para quem não conhece posso dizer que é um “coimbrinha” de gema. Astuto até à quinta casa, sabe tudo o que se passa por aqui. Pedi-lhe então uma opinião acerca da grande epidemia que, segundo a OMS, presumivelmente se abaterá sobre a terra de Camões.
-Ó meu, desculpa lá, mas não entendo este alarme todo. A Gripe A, mais conhecida pela Gripe dos Abades, já há muito que se abateu sobre os “portugas”. Como sabes, os sintomas são atípicos, mas têm entre eles uma certa convergência nos sinais de indolência, barriga a crescer para perto de nove meses, tendência para beber uns copos de bom vinho, abstracção de tudo o que o rodeia, sobretudo se for uma qualquer votação para um qualquer parlamento, gastar mais do que se ganha, e aproveitar um feriado e um dia-santo a meio da semana para ir até ao Algarve e não trabalhar mais durante a semanada.
Se só agora é que a OMS deu conta da Gripe do Abade, andam mesmo distraídos. Se aqui começou o mal, com jeititinho, pode ser que aqui também resida a cura. Remata assim o meu amigo Almerindo Abrolhos, deixando-me sem reacção e a pensar…

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