sexta-feira, 29 de maio de 2009

O BECO DOS PRAZERES




Dizem que em tempos recuados
aqui morou dama de mil afazeres,
era bela, cheia de mui cuidados,
uma ninfa, a rainha dos prazeres;
Contam-se mil histórias sofridas,
embrulhadas em resenhas de cordel,
personagens de almas compridas,
onde se perdia tudo, até mais o anel;
Parece que na rua era senhora prendada,
dentro de quatro paredes uma prostituta,
na cama e na vida, em tudo, era desregrada,
no amor, era uma serviçal sem conduta;
Há quem lembre aquele beco de luxúria
como o último reduto de um céu na terra,
embora um pouco decrépito, a cair na penúria,
simples aparência nos prazeres que ele encerra;
Chamava-se a diva libidinosa, Conceição,
na alma, em carnes, era em tudo generosa,
conta a história que era frívola de coração,
disfarçando bem, era imensamente charmosa;
Meia cidade e mais meia, ali fez baptismo de amor,
num catre, simples, com cheiro intenso a jasmim,
fosse inverno, fosse verão, fizesse frio ou calor,
milhares perderam a virgindade em lençol de cetim.

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