terça-feira, 14 de abril de 2009

A MENTIRA DESCARADA DO DIA...





Chovia copiosamente nesta terça-feira no Largo das Olarias. Dois homens, alheios aos grossos pingos de água, sem guarda-chuva, ligeiramente resguardados de olhares indiscretos, como caçadores a espreitar a presa, comentavam entre si: “Ó João, temos de acabar com esta vergonha. Tenho de te confessar que até me custa encará-los de frente. Sabes muito bem que prometemos resolver o problema da venda ambulante quando entrámos para a câmara. Até criamos um novo Regulamento e tudo. Nem sei p’ra quê! Sabes? Iludi-me com o gajo. Como vinha da associação, deixei-me levar, João. Quem diria que viria a ser o meu maior abcesso? Há coisas do “camano”?! Ainda bem que agora se virou lá para o futebol, para o Sporting. Tens de resolver isto –afinal é do teu pelouro, desenrasca-te-, se vês que é difícil pede ajuda ao Jorge. Ele sempre foi bom a lidar com os ciganos. Embora ultimamente, parece estar a perder qualidades, anda de candeias às avessas lá com o presidente da associação do Ingote”.
-Ó Carlos, eu tenho tentado, mas não é fácil, onde é que queres que os coloque a vender? Nos campos do bolão? Eu até colocava, mas eles é que não vão. E sabes muito bem que nesta altura do campeonato não podemos estar a desencadear guerras…
-Ó pá, ó João, como é que se chamava o blogue daquele gajo que está sempre a malhar nesta questão da venda ambulante? Não te lembras? Até te chamei a atenção, quando o gajo lhe chamou “venda (des)ambulante”? Não estás a ver, pá? Aquele tipo que é comerciante, que tem a mania que sabe tudo, que pensa que a gente lê o que ele escreve?
-Ah…já sei…(deixa ver se me lembro do nome do blogue). Não era qualquer coisa de…”Cabrões Nacionais”, ou coisa assim?
-Era qualquer coisa assim, João, era! Mas uma coisa tenho de confessar, isto é uma vergonha, pá! Porque não fazes um projecto –tu és engenheiro, ou já te esqueceste de como se faz um boneco?- como o gajo defendia, e mandávamo-los instalar nuns quiosques bonitos espalhados aqui pela Baixa?
-Posso fazer. Até nem é difícil. A cidade até tem dois modelos de quiosque que poderiam servir de modelo. Um, antigo, está na Praça da República e outro, mais recente, é o do Sousa, ali no Largo da Portagem…
-Ó pá, ó João, faz como quiseres, mas resolve lá isto. Até me irrita ver isto. Mas, tenho de admitir, o gajo tem razão. Isto é indigno para qualquer pessoa vender nestas condições. Há 7 anos que estamos na câmara…nem me tinha apercebido (como sabes só conheço o trajecto Rua das Fangas/Câmara Municipal). O gajo tem razão, João, resolve isto depressa, antes das eleições. Precisamos de todos os votos…
-Ó Carlos, e vamos dar-lhes quiosques? Já estou a ver a cambada do costume a acusar-nos de darmos tudo de mão beijada aos ciganos…
-Ó pá, é preferível ouvir a maioria silenciosa sem rosto, do que os escritos ácidos desse gajo que dá a cara…dos “Cabrões Nacionais”. Anda muita gente a ler aquilo…

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