sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

COIMBRA: GUERRA NOS APOIOS AOS SEM-ABRIGO






Segundo o Diário de Coimbra (DC) de ontem, em título, “Estudantes ajudam os sem-abrigo da cidade”. Continuando a desenvolver a notícia, “A Associação Académica de Coimbra vai promover uma recolha de alimentos, roupas e cobertores para distribuir pelos sem-abrigo da cidade. O projecto intitulado “Refeição (de)Vida” foi apresentado ontem em conferência de imprensa e consiste numa recolha contínua que vai decorrer durante todo o ano.”
“A iniciativa resulta de uma parceria entre a Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG-AAC), em concreto do pelouro de intervenção Cívica e Ambiente, e a Associação Integrar.”
Continuando a citar o DC, “Jorge Serrote destacou a solidariedade enquanto “princípio inscrito na matriz ideológica da academia”. O líder estudantil apresentou o projecto “Refeição (de)Vida” e referiu que a recolha será feita durante todo o ano e no final de cada mês os materiais serão distribuídos pelos sem-abrigo em coordenação com a Associação Integrar. (…) O presidente da DG-AAC lançou ainda um desafio às superfícies comerciais para que contribuam também no projecto (…)”
Quem leu até aqui, certamente, pensando para si, extrai: “ainda bem que há instituições que se preocupam com os “sem-telha” da cidade”.
Agora, se eu lhe contar que, durante dois dias da semana, desde Março do ano passado, existe na cidade um projecto de voluntariado –“CASA –Centro de apoio ao sem-abrigo”-, constituído por cerca de 20 voluntários, entre eles, médicos, enfermeiros, psicólogos, jornalistas, advogados, que, actualmente, já trabalham sob os auspícios e boa vontade de um restaurante de um Centro Comercial –Restaurante “Só-Peso”-, que fornece as refeições, e duas padarias da outra margem –Padaria Miradouro e Padaria Santa Clara-, que, gratuitamente fornecem o pão. Que pensa disto? Não achou nada de estranho? Então vou continuar.
Há cerca de um ano atrás, os elementos deste projecto solidário começaram por adquirir a expensas suas os géneros alimentícios e a confeccionar as refeições na casa dos próprios voluntários. Só há meses, graças à compreensão e altruísmo destes três estabelecimentos hoteleiros a factura se tornou mais leve. Se lhe disser que a distribuição alimentar, e de agasalhos, é feita nas viaturas dos próprios voluntários; se lhe contar ainda que, até à data, não foi disponibilizada uma simples sala na cidade para que este projecto solidário possa desenvolver a sua acção? Também não se admira? Está bem! Nesse caso vou continuar.
Se lhe disser que, para além do projecto CASA, e agora esta parceria entre a Associação Integrar e a DG-AAC, existem na cidade já cinco entidades a prestar apoio aos sem-abrigo –CÁRITAS, INTEGRAR, ANA JOVEM e CMC, Câmara Municipal de Coimbra, através da Rede Social-, também não lhe suscita engulhos? Ainda bem! Vou continuar.
Mas se eu lhe disser que -segundo um depoente de uma destas associações- o universo dos sem-abrigo sinalizados na cidade é de cerca de três dezenas, também não lhe diz nada?
Segundo a minha fonte, que pediu o anonimato, “em Coimbra andam a brincar à solidariedade. Uns por protagonismo, outros por interesse próprio nos projectos subsidiados. A solidariedade, no seu princípio mais sagrado, pressupõe desinteresse na publicidade e entrega total à causa. Não é o que se vê na cidade. Se isto continua assim, Carlos Encarnação, o presidente da autarquia conimbricense, vai ter de apelar às migrações de excluídos de todo o país para se deslocarem para a cidade.”
Continua a minha fonte, “e o mais ridículo é que, por exemplo a Câmara Municipal, através da Rede Social, que, como coordenadora, tem por função a articulação e congregação de esforços entre as entidades envolvidas, em vez de sentar todos à mesma mesa para definir planos de acção, não senhor! Chegam a encontrar-se, na mesma noite, sobretudo junto às “Químicas”, dois grupos diferentes de voluntários”.
Então, leitor, não diz nada? Fogo! Das duas uma, ou você é frio como o gelo, ou então, pelo hábito, decorrente da cidade, já nada o surpreende.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é sr Luis e mesma trabalhei numa dessas Instituições que menciona, é garanto-lhe que o trabalho que se realiza por vezes é ingrato... Dado que nas Equipas de Rua não se aquece o estômago e o corpo dos clientes mas tenta-se retirar o cliente da rua! São com pequenas conversas (interligadas entre todas as Equipas pq em Coimbra o PISACC-Programa de Intervenção Dos Sem Abrigo do Concelho de Coimbra-funciona é na minha opinião bem!! )com os Clientes que esse acto pode ser concluido com exito!! Estas equipas funcionam em equipas multidisciplinares (assistentes sociais, psicologos, enfermeiros etc) que conhecem o historial dos utentes!! Considero que são bem acompanhados por estas equipas!
Na minha opinião estes actos de ajuda deviam ser para colmatar os defices que estás insituições possuem e não serem actos isolados que acabam por intreferir no trabalho que as Equipas estão a tentar fazer no terreno!