quarta-feira, 30 de abril de 2008

ENCERROU A TOPAL




  O meu amigo “Anastácio” encerrou hoje o “teatro” onde desempenhava o papel principal. Finalizou um sonho que durou uma vida, que, por muito que viva, nunca mais esquecerá. O que mais lhe custou –e também a nós -foi hoje o último rodar da chave daquele “teatro”, onde amou, onde sonhou, e, tantas vezes, esfuziou de alegria, sobretudo quando fazia bom negócio. Apesar de tudo, desta derrota pela economia, o "Anastácio" sai de cabeça erguida. Parece aguentar-se bem psicologicamente. Não é fácil para qualquer um. A minha admiração para ele, com uma grande salva de palmas.
Até um dia destes "Anastácio". Todos nós, comerciantes, estamos na fila. É uma questão de tempo. Infelizmente!

A NOBREZA CLAUDICOU?




Não falo da queda de uma classe de ascendência nobre, mas sim de um excelente estabelecimento de hotelaria que existe (existia?) na Baixa de Coimbra, junto à Loja do Cidadão. Segundo comentários que correm por aqui, entre ruas e vielas, anteontem, os cerca de uma dúzia de funcionários, em bloco, abandonaram, a meio do dia, o serviço. Alegadamente, por terem ordenados e subsídios em atraso.
Mais um pólo de atracção importante que se vai. Embora, provavelmente por pouco tempo, pois, calculo que, facilmente, alguém pegará naquela boa casa. Oxalá seja assim. A bem de todos os que vivem e trabalham na Baixa.

terça-feira, 29 de abril de 2008

MANUELA, CUIDADO...


(Foto Jornal de Notícias)

 Manuela, se tu fores ao baile, em vez de xaile, leva armadura. Não te deixes endeusar, com quem te quer adular, eles só te querem tramar. Não te julgues cinderela, muito menos igual a ela, tu és pessoa real. Não te julgues Nossa Senhora, muito menos pecadora, tem cuidado Manuela. Tu estás num ninho de cobras, onde já não sobram sobras, muito menos mais para ti. Aqueles que erguem o teu andor, que se ajoelham e apregoam amor, serão os teus próximos verdugos. Procedem como texugos, burgueses "egocentristas", que o que têm mais é lábia. Manuela, não te deixes seduzir, tu sempre foste sábia, escorraça esses traidores. Vira-lhes o cu Manuela, eles não têm amores, a não ser ao interesse. Tu sabes daquilo que falo, como se eu conhecesse a sua imensa lata. Segue em frente Manuela, tu és Social-Democrata, não és a Virgem Maria. Eles só te querem lixar, não querem a democracia, querem unicamente poder. Vai por mim Manuela, manda-os mas é…coser as calças do seu avô. Quando eles te abraçarem, grita alto, xô, xô!!
Se fores à festa Manuela, não abraces os barões, dá-lhes um pontapé nas partes pudibundas, e manda-os para os tralhões.

UM COMÉRCIO INADAPTADO

Ontem, dia 28 de Abril, na “Antena Aberta”, programa da tarde da RTP, o lema era “Deve o comércio estar aberto ao Domingo todo o dia?”. Quem comentava o referido programa era um funcionário, ou avençado, da casa e nosso conhecido do pequeno ecrã: Camilo Lourenço.
Uma das primeiras pessoas, telespectadora, a intervir, lamentou a crise do pequeno comércio e que, neste momento, estar à frente dum estabelecimento era desesperante, e que muitas lojas no seu bairro têm encerrado. Resposta do comentador: “E, graças a Deus, que têm fechado algumas lojas no comércio tradicional. Ainda bem!”.
A seguir outra comerciante, presumi que o fosse, lamentava a forma estóica que era estar hoje a viver do comércio. Que este mal dava para as despesas. Resposta do comentador: “Se não é rentável fechem as portas”.
Mais à frente outra telespectadora vangloriava a facilidade de acesso, o melhor preço das grandes superfícies e que pouco se importava que estivesse a contribuir para a riqueza destes e empobrecimento do pequeno comércio de rua. O que lhe interessava era unicamente o preço o resto não era com ela. Resposta do comentador Camilo Lourenço: “A riqueza deve ir para quem der melhor produto e melhor preço!”.
A primeira questão que ponho é até que ponto um comentador da RTP, sendo economista, pago por todos nós, pode ser tão curto de vistas? É certo que ele, enquanto crítico de análise, é um “opinador” em toda a sua legítima subjectividade. Mas, também é certo que, implicitamente, pelo bom-senso, esperamos que estas pessoas tenham uma visão alargada de toda a economia, em todas as possíveis variáveis, e, naturalmente, das suas possíveis consequências.
Já das imensas pessoas anónimas que acham que o futuro reside apenas e só nas grandes superfícies, e que o comércio tradicional não faz falta nenhuma, a essas não se lhes pode exigir mais do que isso. Tudo o que vêem é apenas o comprimento do seu interesse imediato. Não se lhes pode pedir que vejam, no comércio, as funções, social, de segurança, cultural e incentivador da reabitação e convivência humana dos centros históricos. Mas ao dito comentador devemos-lhe pedir isso. Ele está obrigado pelas funções que desempenha. Ele deveria saber que, ainda há pouco, foi emanada uma directiva de Bruxelas para o Estado português, em que se recomendava a análise relacional entre o grande comércio e os pequenos produtores nacionais. Considerava a Comunidade Europeia que as grandes superfícies escravizam e contribuem para o desaparecimento dos pequenos produtores.
A questão que se põe hoje é saber se o comércio de rua faz ou não falta às cidades. Se não faz, acabe-se de vez com a loja de rua. Entregue-se as cidades ao abandono e a ninguém. Faça-se um estudo económico entre custos e proveitos, e veja-se se custa menos ao Estado, intervindo como regulador, manter as lojas abertas ou encerrá-las, mandando para o desemprego milhares de pessoas e pagar-lhes o Rendimento de Inserção Social. Se é mais rentável mantê-las abertas, nesse caso, dê-se-lhes condições de sobrevivência. Por exemplo, isente-se todas as pequenas empresas de impostos directos e indirectos, cujo rendimento ilíquido não ultrapasse os cento e cinquenta mil euros. Só assim é possível manter algumas empresas a laborar em vários ramos, nas cidades e aldeias, e manter alguns empregos.
Esta definição cabe, por dever, ao Estado. Não se pode pedir ao consumidor que faça esta destrinça. O consumidor, hoje, reage como as empresas directamente e proporcionalmente ao seu interesse imediato. O consumidor, tal como as empresas na procura do lucro fácil, deslocalizou-se do comércio de rua para os grandes centros comerciais. Ou seja, se por um lado, temos um Capitalismo selvagem, sem rosto e sem preocupações sociais, por outro, temos, também, um consumidor, macro e micro, frio, insensível, pouco preocupado ou interessado no que possa acontecer amanhã. Mesmo que esta displicência venha a ser paga, através de impostos, por todos nós. Nem pensa, sequer, que o que está a acontecer nos Estados Unidos pode significar o começo da queda do gigante de pés de barro, o capitalismo, tal como o conhecemos.

CONTRA A OPRESSÃO BANCÁRIA, MARCHAR.

A história começa assim: tenho uma casa, na baixa de Coimbra, que recebo de renda, por mês, 5.20 euros. Sim, escrevi bem, cinco euros e vinte cêntimos. Acontece que por conflito entre mim e a inquilina, esta começou há anos a fazer o depósito de rendas na Caixa Geral de Depósitos. Então, embora a situação conflitual não esteja resolvida, resolvi levantar a consignação em depósito naquela “instituição” de crédito.
Depois de ter apresentado o número da conta consignada, pedi à funcionária que me fizesse a transferência para uma pequena conta que lá jaz inerte em meu nome. Replica a funcionária que para me fazer a transferência terei de saber o saldo da conta. Então respondo que mo entregue, pois têm-no mesmo à frente no ecrã do computador. “Não posso fazer isso sem o senhor pagar 5.50 euros”. Nesse caso prescindo da informação e aceito o que a senhora me transferir para a minha conta, mas nego-me a pagar, repliquei eu. “Mas eu não posso sem o senhor me dar o saldo”, responde a funcionária um pouco titubeante. Como posso responder a algo que não sei? O que lhe posso dizer é que não me pode cobrar um serviço que não me presta, resmungo eu. A senhora é obrigada a transferir-me a verba dessa conta para a minha. A única implicância é que eu sou obrigado a aceitar a quantia depositada, e aceito. Logo não me pode cobrar uma informação que não solicito. “Mas eu não posso fazer isso sem o senhor pagar”, recalcitra a funcionária, talvez farta de me aturar. Eu não pago!! E, se no limite, tiver de o fazer, faça o favor de me trazer o livro de reclamações. Garanto-lhe que levarei este caso até ao Banco de Portugal e ao Provedor de Justiça.
“Um momento, que vou apresentar o caso à gerência”, returque a senhora.
Passados uns minutos, volta e diz: “a gerência aceita o seu pedido. Não paga a informação”.
Às vezes temos de ser tesos e lutarmos por aquilo que acreditamos ser justo. Posso garantir-vos que, quando levamos a nossa avante, como foi o caso, o contentamento é imenso. Não tem preço.

sábado, 26 de abril de 2008

CAVACO SILVA E OS "VENDEDORES DE ILUSÕES"

Segundo o Jornal Público de hoje, o Presidente da República, preocupado com o alheamento dos jovens, lançou ontem, no discurso comemorativo do 25 de Abril no Parlamento, duras críticas aos agentes políticos e renovou o apelo do ano anterior à não resignação dos cidadãos.”Vender ilusões não é seguramente a melhor forma de fortalecer o imprescindível clima de confiança que deve existir entre os cidadãos e a classe política”, disse Cavaco Silva. Continuando a citar o Público, o Presidente defendeu o fim de “um certo autismo de alguma classe política” e afirmou-se chocado com a ignorância dos jovens, patente num estudo que ontem divulgou.
Meu caro amigo Presidente, desculpe a pergunta, mas por acaso o senhor está a falar da sua classe política ou a classe dos outros? Sim, porque há duas classes. Há aquela classe política em que o interesse reside na res pública, na causa, na cidadania, na fraternidade, na solidariedade, no desinteresse partidário, não obstante sem o perder de vista. Depois há outra classe, em que impera o partidarismo, o carreirismo, a defesa dos seus correligionários, o autismo, o elogio fácil. É nesta classe, que em nome da diplomacia, em nome de uma unidade nacional, se permite a afronta, o ultraje e a injúria. Ora acontece que, no meu olhar enviesado, esta é a sua classe. Então, a ser assim, explique-me senhor Presidente, como pode V.Exª classificar “os outros” de “vendedores de ilusões”, fazendo o Doutor Cavaco Silva parte desse mesmo grupo? Por acaso pensará V.Exª que os jovens serão míopes?
Espero que o “meu” Presidente não me leve a mal pela observação. Se levar não precisa escrever, basta telefonar.
Um abraço do seu admirador…que já foi mais.
Luís Fernandes

quinta-feira, 24 de abril de 2008

25 DE ABRIL

Amanhã é dia de aniversário,
para uns quantos data importante,
ufanos, de cravo vermelho ao peito,
gritarão: viva o Abril revolucionário;
Vão lembrar os mortos desaparecidos,
manifestando, em slogan, vão apelar,
palavras de ordem, em coro, vão gritar,
suavemente, lembrarão heróis queridos;
Olharão para trás e verão rostos rugados,
arrastando o andar, perdidos na multidão,
de braços erguidos, religiosamente, suados,
que do povo, novos homens emergirão;
Para outros é simplesmente um feriado,
uma “sexta”, ponte de fim-de-semana,
não sabem o que aconteceu lá longe,
que razões para o regime ser apeado?;
Caetano –é cantor?- Salazar é da moda, não é?
Que interessa o passado com cheiro a mofo?
O que importa é o presente, e o dia-a-dia,
a história do país pouco diz cá ao novo Zé;
“Quero lá saber do tempo passado e das revoluções,
preciso de emprego, quero lá saber da festa,
dos cravos murchos, das rosas desmaiadas, homessa!
Estou desempregado, não tenho tempo para comemorações".

quarta-feira, 23 de abril de 2008

A CRISE DO (ACTUAL) SISTEMA POLÍTICO

Pegando num artigo de opinião do politólogo André Freire, no Público, de 21 de Abril, sob o título “Crise do capitalismo neoliberal: diagnóstico”, chegamos à conclusão de que o actual sistema está caduco e os seus malefícios para a sociedade contemporânea são desastrosos. “A novidade da presente crise (…) põe em evidência os problemas ligados à desregulação dos mercados de capitais (imagem de marca do capitalismo neoliberal em que vivemos desde os anos 1980). (…) Uma dessas ideias feitas é a de que a liberalização à escala mundial (com o seu cortejo de desregulação dos mercados e com a redução do papel do Estado nas arenas económica e social) seria o caminho mais curto, mais apropriado e, mais uma vez, “sem alternativa”, para nos conduzir a todos à prosperidade. (…) citando J. Weeks: “Os grupos de países que adoptaram as políticas da globalização (neoliberal) em maior grau revelaram uma performance macroeconómica menos boa na década 1990 (1985-98) do que nas décadas anteriores (OCDE) (…)” –Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, é um organismo internacional, constituído por 30 países, incluindo Portugal, que está comprometido pelos princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado. Continuando a citar J.Weeks, no artigo de André Freire, “o grupo, cujo crescimento aumentou nos anos 1990 e sem entrar em recessão, o sul da Ásia, foi aquele que menos adoptou as políticas de desregulação, liberalização do comércio e levantamento dos entraves aos fluxos de capitais. Portanto a hipótese de que essas políticas estimulam o crescimento económico não se confirma, ou seja, trata-se de um mito da globalização”.
Então, em jeito de balanço, o que nos diz este artigo é que as políticas económicas de “lessez faire, laissez passez”, tão em voga a partir de 1980, o que têm conduzido é a um maior fosso, quer entre países, quer entre indivíduos, a um aumento das desigualdades à escala mundial e, nomeadamente, “o significativo número de portugueses que, apesar de trabalharem, têm que ser apoiados pelo “rendimento social de inserção”. Cerca de um terço dos beneficiários”.
O Estado Português, através dos sucessivos governos, sobretudo e fundamentalmente a partir de Abril de 2002 –após as legislaturas de António Guterres-, numa onda avassaladora de privatizações e exacerbado liberalismo, desonerando-se do dever de garantir que o sol é para todos e que ninguém será esmagado porque é pequeno e possui menos meios, deixou de intervir na economia e entregou à livre concorrência privada sectores de monopólio e oligopólio importantes, como a energia eléctrica, as comunicações, os combustíveis e o comércio, com a promessa de que a competição entre empresas levaria a um embaratecimento dos preços. Se é verdade que as directivas europeias a isso obrigavam, também é certo que foi criada uma Entidade Reguladora, mas a verdade é que os preços nunca mais pararam de subir. É implícito que o efeito “euro” concorreu para o aumento da inflação, mas a mudança da moeda não é totalmente causadora do esmagamento do rendimento disponível das famílias. Um dos factores, importantes, também, diga-se, é o contínuo aumento de impostos directos e indirectos. Por um lado o Estado liberaliza a economia, permitindo que os grandes grupos engordem e aufiram exagerados lucros, por outro, e paradoxalmente, penaliza as famílias, levando estas à anorexia, e à quase extinção da chamada “classe média”.
Depois outro facto curioso, em antítese, e contrário ao liberalismo de que falava em cima. Em nome de um securitarismo levado ao limite, por causa dos ataques de 11 de Setembro de 2001, o Estado, a partir dessa data, e em crescendo, invade a esfera privada dos cidadãos e, em nome de um fantasma do medo, aproveitando-se desse anátema, porque não garante e deveria garantir a sua segurança, vai entrando até à alma do indivíduo. Mas, em contracorrente, altera os códigos, Penal e de Processo, impede a prisão dos delinquentes senão em flagrante delito,limita a medida de coacção de prisão preventiva para crimes com moldura penal superior a cinco anos, e abandona as vítimas lesadas à sua sorte. Tudo em nome de Direitos Liberdades e Garantias.
Continuando nesta invasão da esfera privada, legisla contra tudo o que deveria ser naturalmente da competência do cidadão: Lei do tabaco, presumível lei dos peercings. Através de legislação faz um combate cerrado a tudo o que é tradicional e em nome de um securitarismo alimentar absurdo, quase acaba com os produtos endógenos e ancestrais, identitários de regiões do país.
Em nome de um progresso e de uma modernidade paraeuropeia e lesiva dos interesses nacionais futuros, legisla contra a família tradicional, com leis despenalizantes como o aborto até às 10 semanas, com o divórcio unilateral e sem mediação.
De programa em programa moderno, vai legislando em diarreia na esfera da educação, com resultados cada vez piores e mais absurdos, e em nome de uma pseudo liberdade individual, que, inevitavelmente, pela confusão, conduz exactamente a efeitos contrários, ao caos e ao encarceramento dos professores.

terça-feira, 22 de abril de 2008


A SAPATARIA LONDRES EMBARCOU
Hoje a porta principal da Sapataria Londres, na Rua da Fornalhinha, ali perpendicular à Rua Eduardo Coelho, na Baixa, logo de manhã, recebeu uma visita especial. Um funcionário Judicial, um agente da PSP e um profissional de arrombamentos de portas.
Tratou-se de uma penhora judicial. Para tanto, foi necessário extrair o canhão da fechadura, uma vez que o proprietário, farto de lutar contra a maré, abandonou o barco, alegadamente, desaparecendo, deixando a loja, há vários meses, e partiu para o estrangeiro. O edital na porta marca a passagem destes cumpridores da lei.
Lá longe, provavelmente, em Londres, olhando a sua imagem reflectida no Tamisa, Carlos, o proprietário, nos seus cinquenta anos, faz um balanço da vida e de tudo o que perdeu em Portugal. Será que ele alguma vez mais voltará?

segunda-feira, 21 de abril de 2008

"TODOS OS HOMENS TÊM VALOR"


 Este é o título do Diário de Coimbra de ontem, 20 de Abril, e acerca de 3 novos nomes que passam a integrar a toponímica de Coimbra. Mais exactamente na Mainça, ali para os lados de Lordemão.
Para quem não leu o jornal, vamos então conhecer os novos “entronizados”, certamente pessoas célebres, ou, pelo menos, que, de algum modo, se distinguiram no meio onde viveram. Porque é esse o critério subjacente para figurar numa rua, é assim, não é? Faço a pergunta inocentemente. E até podia, o eleito, ser um “verbo de encher”, como, por exemplo, o “Taxeira”. Pois é, ele faz parte da toponímia da cidade. Sinceramente, não é que me importe, o que me chateia é a discriminação. Então e o “Tatonas”? Então e um pintor de Coimbra que conheci muito bem, falecido em 4 de Agosto de 1998, que se chamava Alberto Hébil? É certo que este homem, defensor de teses que ninguém fez –a adjectivação é minha- cometeu algumas asneiras enquanto viveu. Mas quem não as pratica? Também é certo que a sua obra, espalhada pelo País e pelo mundo, fala por si. Nomeadamente os seus “noturnos” sobre a cidade velha. Com a luz, tão bem plastificada sobre alguém como só ele soube transpô-la para tela. Já agora, a talhe de foice, nos corredores da autarquia estavam expostos vários quadros deste grande pintor. Onde param?
Voltando aos homenageados de ontem. Vamos conhecer o seu percurso de vida, enquanto viveram, passando a redundância.
O primeiro foi António Lopes Espírito Santo. Segundo o Jornal, “pessoa simples, mas honrada e considerada, trabalhou toda a vida na agricultura”, referia a nota da autarquia de divulgação do descerramento toponímico, onde também se lia: “neste topónimo consubstancia-se uma homenagem aos pequenos agricultores da Mainça, zona rural, que foi celeiro da cidade”.
O segundo foi Frei Leão de São Tomás, lente de Teologia. Começamos logo pela “teologia” –estudo sobre Deus, ou ciência que tem por objecto conhecer e aprofundar a Sua revelação-, que nos reporta para a antiguidade, ou então para os seminários católicos. Ou será que este homem frequentou e licenciou-se na Universidade Católica? Poderia ser. Há apenas um pormenor: o jornal não fala dos seus familiares, que em princípio deveriam estar presentes no descerrar da lápide. Pois! Por impossibilidade temporal não poderiam mesmo estar presentes. Este homem nasceu em Coimbra em…1574 ou 1575. Continuando a citar o Jornal, e nas palavras do Vereador Mário Nunes, “homem de bondade, simpatia e humildade. Um filho de uma família humilde, que nem nome tinha para o baptizar”. Uma pergunta inocente: será que Mário Nunes conheceu este homem? Lá que parece, parece!
O terceiro foi António Ferrão, que ficou conhecido por “Luís Salatina”. Viveu entre 1915 e 2005. Segundo o orador convidado pela família para falar do homenageado, “o senhor Ferrão marcou a Alta coimbrã”. Destacou “a longa e ilustre vida de um homem profissional, artista e interveniente social. Era um homem íntegro e solidário, de fácil relação pessoal, com alegria de viver e facilidade de fazer humor”. Foi funcionário dos HUC, Hospital da Universidade de Coimbra. “Como profissional, foi um mestre para muitos e muitos funcionários dos HUC".
Segundo Mário Nunes, no mesmo jornal, “as três ruas ontem nomeadas são o testemunho de que a autarquia tem obrigação de perpetuar as pessoas que, através dos seus actos e acções, honram a cidade”.
Andará tudo louco? Se não anda parece. Ou estes actos, dentro da psicologia social, são simplesmente o modelo da pequenez local e nacional?

sábado, 19 de abril de 2008

O CORDELINHO ENCERRA



Há cerca de uma dúzia de anos, o Pinto e mais dois sócios abriu esta casa,na Praça do Comércio, que na altura era de tecidos a metro. Há cerca de 4 anos trespassaram-na para loja de decorações. Hoje está encerrada, à espera que alguém lhe pegue. É mais uma que findou um ciclo. Os estabelecimentos serão como as pessoas? Nascem crescem e morrem? Será assim? Provavelmente…

AS GALERIAS COIMBRA ENCERRAM

Como já é público, posso divulgá-lo, as Galerias Coimbra, conjuntamente com a Traje, vão encerrar em Junho. Como pode ser lido neste blogue –com o título “Quo Vadis Comércio Tradicional?-, há 20 anos tinham 38 empregados. Há 3 anos tinham 25. Hoje tem 10 empregados. Segundo o seu proprietário, em Junho encerra.
Se o seu fundador, José dos Santos Coimbra,hipoteticamente, ressuscitasse, preferiria morrer outra vez. Uma tristeza!

UM MONUMENTO ACOMPANHADO DE UM ABORTO


Isto não se passa em Sevilha. Nem pensar. É em Coimbra, na Praça do Comércio. Este taipal, que alberga materiais de construção, mantêm-se ali,há mais de um ano, firme e hirto, em frente a um imóvel classificado: a Igreja de São Tiago. Esta, é um templo Românico do século XII, que marca, em Coimbra, o caminho para S. Tiago de Compostela. Saliento que serve de apoio a uma obra da Câmara Municipal –“Telha amiga”, sita na Rua Velha-, cujo início, da obra, foi há cerca de três anos. Infantilmente, imaginemos que este empreendimento era de origem particular. Seria permitido este absurdo? Não é preciso responder. É apenas uma pergunta de retórica.

VEJAM ESTE EXEMPLO


Este café e geladaria, LA CAMPANA, situa-se no coração do centro histórico de Sevilha. Publico esta imagem para que se compare com os nossos centros das cidades velhas. Vale a pena visitar aquela cidade. Quem diz que de Espanha nem bom vento nem bom casamento? Muito temos nós a aprender com nuestros hermanos. Gostava que vissem o movimento de pessoas durante o dia e à noite. Eu sei, eu sei que vão dizer que os nossos vizinhos andam 20 anos à nossa frente…

AUGUSTO NEVES, O FERRAGEIRO


Publico esta foto como recordação e saudade de uma casa de Ferragens que, com mais de 70 anos, desapareceu da Rua da Sofia, aqui em Coimbra, há poucos meses.
Hoje é uma Loja de artigos chineses –atente-se no toldo e na bandeira do estabelecimento, mantém ainda o nome do fundador Augusto Neves.
Curiosidades citadinas, digo eu.

A BRASILEIRA VAI ENCERRAR


A Brasileira, depois de, durante décadas, ter sido um dos cafés mais emblemáticos de Coimbra, passou para pronto-a-vestir. Como não se aguentou com a “nova roupa”, inevitavelmente, vai encerrar. Será maldição? Para quem acreditar, e for supersticioso, pode até dizer-se que é a vingança do desaparecido espírito de Torga e de outros tantos poetas e escritores anónimos que por ali passaram e beberam o aromático café da Brasileira. Tempos passados…que não voltam mais. Cenários de uma outra Coimbra desaparecida.

A SÃO REMO VAI ENCERRAR

Dentro de dias, mais uma casa emblemática da Baixa, situada na Rua Ferreira Borges, vai claudicar e encerrar portas.
Não vale a pena fazer nenhum discurso pos-mortem, é a vida.

ADEUS TOPAL



A TOPAL VAI ENCERRAR
O meu amigo “Anastácio” vai encerrar no fim do mês.
Para ele, a minha inteira solidariedade. É mais uma “árvore” que se abate nesta floresta de betão que é a grande cidade. É mais um candeeiro que se apaga nesta longa noite que o comércio tradicional está a viver.
A cidade, inevitavelmente, fica mais pobre e mais só.
É uma tristeza! Que soluções para esta catástrofe? Alguém sabe?

PROPOSTA DE CONDECORAÇÃO

Luis Filipe Menezes vai ser proposto, pelo QUESTÕES NACIONAIS, ao Presidente da República, no próximo 10 de Junho, como candidato à mais alta condecoração do País: a Grã Cruz da Ordem Militar de Santiago. Pelo desapego ao poder, pela abnegação, contra a renúncia à sua própria vontade em que se demitiu do PSD. Foi um acto heróico. O País, finalmente, está livre dum chato errante e obsessivo, e o PSD respira de alívio.
Já agora, a talhe de foice, finalmente, os sociais-democratas parece que vão ter à frente dos seus destinos uma mulher. Na impossibilidade de ser Paula Teixeira da Cruz, venha lá então a Manuela Ferreira Leite –que remédio!. Mas atenção, ó Manuela, se leres este blogue, tem paciência, tens de mudar a tua imagem, que é um bocadito pesadita. Desculpa lá! Não é que sejas feia, nada disso. Só que sendo secretária-geral do maior partido da oposição não podes continuar a vestir esses fatos de saia e casaco, que parecem retirados do baú da tua avó. A partir de agora –se quiseres contar com o meu apoio –Manuela, terás de vestir Fátima Lopes, e mais: terás de usar aqueles generosos decotes à Angela Merkel.
Qualquer coisa, já sabes, conta comigo.
O teu incondicional: LUIS FERNANDES

sexta-feira, 18 de abril de 2008

MAIS UMA CASA QUE ENCERRA NA BAIXA


O TURÍBIO VAI ENCERRAR.
Mais uma casa, identitária de um passado gravado a fogo na nossa memória, vai encerrar dentro de dias.
Alegrem-se ó néscios! Desviem o olhar ó irresponsáveis! Um dia, espero que breve, os nossos descendentes pedir-vos-ão contas pelo desbaratar e apagar da recordação dos nossos antepassados e dos tempos de antanho.
Tristes! Só me apetece mandar-vos á merda seus fingidos da treta.
Hão-de morrer afogados em modernidade e desenvolvimento.
Dentro do vosso caixão levarão um telemóvel e um computador.

BAIXA: NO MESMO CANAL, VÁRIAS FREQUÊNCIAS

No dia 16 do corrente Abril, a RTP, na rubrica “Portugal em Directo”, apresentou uma reportagem sobre o declínio da Baixa e nomeadamente do seu comércio de rua, dito de tradicional. Por pensar que poucas pessoas viram esta peça televisiva, conto aqui o essencial.
Ouvindo, e vendo, esta reportagem com atenção, vale a pena atentarmos nas declarações dos intervenientes. Os primeiros a falar, os comerciantes, disseram sentir-se abandonados e que, no seu dia-a-dia, se confrontam com cada vez menos pessoas na Baixa, e, consequentemente, menos vendas. Alegaram dificuldades em pagar os impostos atempadamente. Reivindicaram um fundo social que lhes permita sobreviver, em caso de insolvência, uma vez que não têm direito a subsídio de desemprego. Pugnaram, também, por uma linha de crédito que lhes dê possibilidades de fazer face ao actual momento económico difícil do País.
Nos seus rostos, nos gestos corporais, pressente-se o desalento e o seu grito de alerta e de ajuda à autarquia local e ao governo.
A segunda pessoa a ser entrevistada foi Paulo Mendes (PM), presidente da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra. A jornalista, Andreia Neves, faz a seguinte pergunta: “A abertura de uma segunda grande superfície (na cidade) não explica tudo?!
Responde PM: “Não, não explica tudo. Há vários factores, uns nacionais, outros locais. Primeiro e, para mim, o mais importante de todos, é a eliminação do rendimento disponível das famílias, devido ao aumento de impostos; depois o aumento da oferta, desenfreada, de novas centralidades e de novos espaços; e também devido à alteração dos hábitos dos consumidores.
A cidade também não se soube adaptar, exactamente, por culpa, também, dos comerciantes e de outros operadores, que não se souberam adaptar às novas práticas comerciais. O figurino da cidade, da Baixa, leva a que a circulação seja extremamente difícil. Penso que com a abertura da futura avenida central virá revolucionar completamente a circulação da cidade, seja com o Metro de superfície, seja com outra circulação automóvel”.
O terceiro, a prestar declarações, foi Armindo Gaspar (AG), presidente da APBC, Agência Promocional para a Baixa de Coimbra. Pergunta a jornalista: “Que iniciativas é que têm sido feitas para trazer gente à Baixa, gente que compre?
Responde AG: “A Baixa é muito movimentada durante o dia. Naturalmente que nós temos de procurar dinamizar e encontrar soluções de forma a que os clientes, além de passarem, também comprem. Esta Agência tem realmente essa função que é criar iniciativas e fazer com que as pessoas venham à Baixa. Vamos ter outras actividades, vamos ter uma festa do pão, temos muitas actividades, vamos ter muita animação.
(…) A APBC está atenta. Há muita gente a circular na Baixa; A habitação está a ser, também, feito um trabalho, pela autarquia, no sentido de trazer mais pessoas para a Baixa. Nós enquanto Agência de Promoção para a Baixa, naturalmente, ficamos muito satisfeitos com isso. E temos aqui outro projecto que é fundamental para a Baixa, que é a passagem do Metro. A Baixa precisa de algo de novo, e, naturalmente, o Metro ao passar na Baixa cria uma nova passagem, um novo corredor, que vai transmitir uma ideia renovada da Baixa”.
O quarto entrevistado foi Carlos da Encarnação (CE), presidente da edilidade conimbricense. Pergunta a jornalista: “A Câmara não se tem poupado a esforços, isto, para ver o que é que se pode fazer para dinamizar a Baixa. Quais é que poderão estar no terreno?”
Responde CE: “Nos últimos anos assistimos a uma queda claríssima da Baixa; É preciso reabilitar e reabitar a Baixa. O que eu quero é que esta área volte a ter vida, muita gente saiu daqui, não é verdade? Eu não tenho culpa disso. Eu vivo aqui perto, sou talvez dos únicos (que moram cá); É preciso que as pessoas entendam que por baixo os comércios estão muito bonitos e por cima os telhados estão a cair e desabitados (…)”.
Intencionalmente não opino ou teço qualquer juízo de valor. As considerações finais ficarão ao livre arbítrio de cada um.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

COIMBRA: UMA BAIXA REBAIXADA

Ontem, dia 16 do corrente Abril, a RTP, na rubrica “Portugal em Directo”, apresentou uma reportagem sobre o declínio da Baixa e nomeadamente do seu comércio de rua, dito de tradicional.
Ouvindo esta reportagem com atenção deparamo-nos com vários cenários diferentes. O primeiro, o dos comerciantes, que dizem sentir-se abandonados e, no seu dia-a-dia, se confrontam com cada vez menos pessoas e, consequentemente, menos vendas. Pressente-se o seu desalento e o seu grito de alerta e de ajuda à autarquia local e ao governo.
O segundo cenário, descrito por Paulo Mendes, presidente da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, é notoriamente um discurso de economista, onde dispara a culpa em todas as direcções: “É da eliminação do rendimento disponível das famílias; é do aumento desenfreado de novos espaços; é da cidade e dos comerciantes que não se souberam adaptar aos novos tempos; é devido à alteração dos hábitos dos consumidores.
O terceiro cenário, comentado por Armindo Gaspar e presidente da APBC, Agência Promocional para a Baixa de Coimbra, é implicitamente um arrazoado político, onde impera o panfletarismo e apoio descarado ao executivo de Carlos Encarnação. Vejamos o que disse este senhor: “A APBC está atenta, vamos ter uma festa do pão, vamos ter isto, vamos ter aquilo; Há muita gente a circular na Baixa; Pela autarquia está a ser feito um trabalho no sentido de trazer mais pessoas para a Baixa. Naturalmente, ficamos muito satisfeitos com isso”.
O quarto cenário explicativo de Carlos de Encarnação, presidente da edilidade conimbricense, à pergunta da jornalista sobre o estado caótico da Baixa: “Nos últimos anos assistimos a uma queda claríssima da Baixa; É preciso reabilitar e reabitar a Baixa. O que eu quero é que esta área volte a ter vida, muita gente saiu daqui. Eu não tenho culpa disso. Eu vivo aqui perto, sou talvez dos únicos (que moram cá); É preciso que as pessoas entendam que por baixo os comércios estão muito bonitos e por cima os telhados estão a cair e desabitados”. Devo salientar, a título de melhor entendimento, que Carlos da Encarnação foi eleito presidente da edilidade em 2002.
A pergunta final: com estes amigos (políticos) a defendê-los, precisarão os comerciantes de inimigos?

QUO VADIS COMÉRCIO TRADICIONAL? -CORRECÇÃO

No dia 16 do corrente foi publicado um texto, no Diário de Coimbra, na secção do “fala o Leitor”, da minha autoria, com o título em epígrafe. Tudo o que escrevi acerca do grande comerciante José não foi efabulado, foi descrito com absoluta verdade. Eu conheci-o muito bem. Como muitos conimbricenses, tive a honra de ser seu empregado de 1973 a 1982. Quanto à essência da notícia –de que esta grande firma irá fechar portas em Junho próximo- é verdade. Esta informação de interesse público já há tempos que circulava de “boca em boca” aqui na Baixa.
Antes de escrever o texto, legitimamente e como manda o bom senso, tive o cuidado de ouvir o filho-varão de José, que me confirmou que efectivamente iria encerrar em Junho. Porém, um há um lapso que tenho de me penitenciar: ao longo da conversa fui inferindo de que teria sido requerida a insolvência daquela grande firma. Acontece que não foi solicitada a falência, nem, alegadamente, é intenção do filho mais velho de José peticioná-la. Pelo juízo de valor, erradamente, percepcionado por mim, ao visado peço desculpa.
Penso, sem margem para dúvidas, de que não pretendi prejudicar a imagem dos herdeiros de José. O que me moveu foi o alerta das entidades públicas, locais e nacionais, para o descalabro e a ruína eminente de uma actividade que, outrora foi dinâmica e hoje, como um velho decrépito, arrasta-se pelas ruas da amargura. E isto não é demagogia. Alguém tem de fazer alguma coisa. Entre patrões e empregados, há muitas famílias que trabalham no comércio a viverem próximo da indigência.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

UM JARDIM SELVAGEM

Segundo o Jornal de Notícias (JN) de hoje, “Alberto João Jardim disse ontem concordar que não se realize uma sessão solene com os deputados na visita de Cavaco Silva à Região Autónoma, porque daria “uma péssima imagem da Madeira mostrar o bando de loucos que está dentro da Assembleia Legislativa Regional. O fascista do PND, o padre Edgar (do PCP) e aqueles tipos do PS”.
“Era dar uma imagem péssima da Madeira e ia ter repercussões negativas no Turismo e na própria qualidade do ambiente”. (…) “Num tom coloquial de gracejo, o líder do PSD/Madeira disse ainda sentir vergonha dos seus opositores: “Eu tenho vergonha, eu não apresento aquela gente a ninguém”.
Continuando a citar o JN, “considerando a visita presidencial uma “rotina” que faz parte “dos hábitos (de) Chefes de Estado (em relação) às duas regiões autónomas”, Jardim ainda revelou que o PSD-Madeira não pediu qualquer encontro com Cavaco”.
Depois de lermos estas declarações, certamente, interrogamo-nos como é possível um presidente duma região autónoma proferir estas declarações. Ocupando o primus inter primus político, um cargo governamental equivalente ao nosso primeiro-ministro aqui no Continente, como pode esta criatura verberar tais considerandos sobre os seus pares.
É certo que este sujeito há muito nos habituou a tais dislates, mas desta vez abusou da autoridade e da prerrogativa do elevado cargo que ocupa. Desrespeita todos; O País, a Madeira, o Parlamento da ilha autónoma, as diversas forças políticas, inclusive o PSD, o Presidente da República, Cavaco Silva e ele próprio, o boçal João Jardim.
Ficamos a aguardar o que vai fazer, na ilha, Cavaco Silva. Estou em crer que, como diz o povo, quem ri em último ri dobrado. Pelo menos é o que se espera do Chefe do Estado. “O senhor Silva”, como foi chamado há anos por Jardim, mesmo dentro do âmbito político e diplomático, no elevado cargo institucional que ocupa, deve dar uma lição ao inqualificável arruaceiro da Madeira.
E Filipe Menezes? Mais uma vez vai corroborar o discurso verborreico, e elogiar o desenvolvimento de três décadas da ilha, resultado do trabalho empenhado de Alberto João? Já há muito que o PSD se devia demarcar deste tipo de líderes partidários representativos de um “Ancien Regime” que não deixa saudades. Contrariamente ao que pensam, estes “imperadores” –e, infelizmente, este partido está cheio deles- causam mais mossa no partido Social Democrata do que um raio numa noite tempestuosa de inverno.

sábado, 12 de abril de 2008

XIU! NÃO FAÇAM BARULHO!

REFLEXÃO NO CONSELHO DA CIDADE
CONSELHO DA CIDADE EM REFLEXÃO
CIDADE NO CONSELHO EM REFLEXÃO
CONSELHO PEDE REFLEXÃO Á CIDADE

Segundo o Diário de Coimbra, “Prestes a completar sete anos, no próximo mês de Maio, o Conselho da Cidade de Coimbra (CCC) está num momento de “pare, escute e olhe”. As palavras são de José Dias, presidente deste movimento cívico, lamentando a “crise” que atravessa a democracia participativa, neste caso, em Coimbra.
“Neste momento de reflexão, temos de perceber o que é possível fazer no sentido de ganhar algum dinamismo”. Continuou, desafiando cidadãos de todas as idades a unirem-se para reflectirem sobre uma cidade que “está de bem com o passado, tensa e conflituosa com o presente e não sabe muito bem o que vai ser o seu futuro”.
Ó senhor José Dias, desculpe lá, mas se o que disse estiver certo, é óbvio que Coimbra não precisa do “Conselho” para nada. Essas tiradas são de La Palisse. É o óbvio personificado.
“Está de bem com o passado”, a ser assim a cidade não precisa de se questionar, em catarse, em introspecções psicanalíticas, logo, nesse caso, o “Conselho” é despiciendo. Nem sequer precisa de se confessar, em mea culpa. Pelo que diz, não tem pecados nem arrependimentos.
“Tensa e conflituosa com o presente…”, a ser assim, também não precisa do “Conselho da Cidade” para nada. Coimbra, precisa é de descontrair. Talvez abandonar a cidade. Fazer férias dela própria. Talvez ir para fora cá dentro. Se não chegar, aconselha-se –“conselho” sim, mas de psiquiatra- umas sessões de psicoterapia, e, quem sabe, talvez uns ansiolíticos.
“…e não sabe muito bem o que vai ser o seu futuro”, mais uma vez, é óbvio que também não precisa do “Conselho da Cidade" para nada. Precisa é de ir a um astrólogo, talvez o Alexandrino, o “Firme e Hirto”, que ainda há pouco estava a residir em Coimbra. Ou, se este não servir, porque é muito feio, nada melhor que uma astróloga, talvez a Maya, ou então, para se usar a prata da casa, vamos ali para os lados de Monte Formoso.

A FRASE

“Às vezes, nós é que temos de ir à procura. Muita gente está com o rendimento de inserção, sem fazer nada. Ir trabalhar também custa dinheiro. Os nossos políticos deviam pensar diferente para que os jovens se habituassem ao trabalho e não fossem subsidio-dependentes”. José Simão, presidente da Junta de Freguesia de Santa Clara, em resposta a uma interrogação –“E desemprego?”, na área da sua jurisdição- de Albino Cleto, bispo da Diocese de Coimbra. In Diário de Coimbra, 12 Abril de 2008.

SOS-SALVEM A LOJA DE RUA

A RTP andou na Baixa, na 5ªfeira, a filmar e a entrevistar alguns comerciantes. Os seus lamentos são transversalmente pungentes. Há verdadeiros dramas, por entre balcões, nesta cidade de Coimbra. Há vidas, que mal vivendo, sobrevivem, e aos poucos se vão apagando, como luz de velas fenecendo numa longa noite de breu.
A situação é calamitosa. Se nada for feito urgentemente os comerciantes de rua serão, num futuro, que já é hoje, os indigentes do século XXI. E isto não é demagogia. Eu sei do que falo. Não tenho só informação, tenho também conhecimento de casos que bradam aos céus. O que é estranho é o facto de ninguém falar no assunto. Nem as estruturas representativas nem os próprios intervenientes nesta purga de genocídio profissional. Quando falo com alguns, para darem a cara, expondo o seu caso pessoal, todos se recusam a expor-se. No limite, talvez os entenda: estão tão frustrados e tristes, com depressões à mistura, que nem força têm para se lamentarem.
No caso da reportagem da RTP, felizmente, conseguiu-se que algumas pessoas dessem a cara. Sem vergonhas camufladas, disseram que estavam a viver momentos aflitivos. A peça televisiva vai mostrar imensos estabelecimentos encerrados. Cerca de 50, só na zona do perímetro comercial da Baixa, posso adiantar estes números com verdade, porque andei a contá-las de rua em rua. Até uma agência bancária encerrou na Baixa (BCP, na Praça do Comércio).
Prevê-se que até ao fim do ano em curso uma dúzia de lojas comerciais possam encerrar na Baixa de Coimbra. Há ordenados em atraso de vários meses. Há impostos e taxas em contencioso, por impossibilidade de cumprimento;
Então a pergunta que surge nas nossas mentes é o que é preciso fazer para salvar o que resta deste vasto património comercial que, num cantinho da nossa memória, está bem vivo? Quem não se lembra da mercearia do senhor Joaquim? E a loja de ferragens do Ganilho, na Praça 8 de Maio, ou o Augusto Neves, na Rua da Sofia? Ou as imensas Tascas vadias que existiam na Baixa da cidade?
A resposta não é fácil, mas penso que ainda vamos a tempo de evitar o apocalipse no comércio de rua. Vou expor algumas premissas que considero essenciais:
-É urgente a criação de um fundo de pensões, que permita a sobrevivência para os insolventes. E evitar que caiam na indigência. Lembro que os comerciantes em nome individual, estupidamente, não têm direito a subsídio de desemprego;
-É necessário uma linha de crédito que dê solvabilidade, e possibilidade de salvar os comerciantes viáveis economicamente;
-É absolutamente necessária a criação de um motor incentivador de revitalização dos centros históricos, que eleve a confiança e a auto-estima dos operadores comerciais de rua. Um “clique” que traga mais pessoas, de Segunda a Domingo, e, por outro lado, “obrigue” os comerciantes a entender que têm de mudar de horários. Os horários do comércio estão desfasados no tempo;
-É imperioso e necessário uma nova mentalidade e espírito de cidadania por parte dos, ainda, comerciantes em actividade. Os homens do comércio, escudados em velhos fantasmas, numa modorra incomodativa, escusam-se em contar a sua vida financeira em ruptura. Teimam, duma forma estática, em não alterar os horários, representativos de uma época, mas completamente desactualizados nos dias que correm. Estupidamente, preferem morrer de pé do que apelar a quem de direito;
-É imperativo que as autarquias não se vendam por umas rotundas, uns pavilhões multi-usos, e entreguem os comerciantes de rua, numa bandeja de barro, ao grande comércio. Tenho fé que, para além destes políticos de ocasião serem julgados nas urnas, através do voto, o sejam, em tribunal plenário, por gestão danosa das cidades. Os pelourinhos esperam por eles.
Seria bom que o Estado, através dos governos presente e futuros, retomasse o seu necessário papel de “ecologista ambiental”. Visse que só há equilíbrio quando há lugar para todas as forças vivas da natureza. E essa defesa, equitativa, é, por direito, um papel que não pode escamotear. A lei da selva leva ao desaparecimento dos entes mais frágeis.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

QUO VADIS COMÉRCIO TRADICIONAL?





José, nascido e criado para os lados de Penacova, com pouco mais de 10 anos, depois de ter concluído o ensino primário, começou a trabalhar numa loja de fazendas ali na Praça do Comércio. A Segunda Guerra Mundial, pela escassez de bens, ainda estava fresca na memória. Apanhavam-se os últimos estilhaços e, como um puzzle, tentava-se dar ordem a um certo caos reinante, sobretudo na procura e na oferta económica.
Apesar de Salazar ter evitado o envolvimento de Portugal neste grande conflito bélico, mesmo assim, não evitou o racionamento e alguma fome nas aldeias e cidades. Os tempos que se viviam eram duros. Os então caixeiros de comércio trabalhavam de sol-a-sol, apenas com o Domingo de folga, quando calhava. Eram tratados pelos seus patrões com violência verbal e física, sobretudo se não conseguiam vender um metro de tecido ao freguês para fazer a saia. José lembrava-se de apanhar brutais “caneladas” dadas pelo seu patrão, mesmo enquanto atendia o freguês. Era verdade que ele não se manifestava, mas reconhecia no marçano qualidades acima do comum e uma intuição especial para o negócio.
Com pouco mais de 20 anos, José, com muitos sacrifícios e uns contos de reis emprestados, adquire a sua primeira loja e, logo a seguir, o seu primeiro carro Honda, em segunda mão.
Quando se deu o 25 de Abril de 1974, a revolução apanhou-o a trabalhar arduamente dia e noite com os seus 10 empregados. Era proprietário de três lojas de pronto-a-vestir na Baixa. Com os novos ventos de mudança no país os salários passaram de mil escudos (5 euros) para cerca de três mil escudos (15 euros) por mês. Nunca até aí os assalariados se tinham visto com tanto dinheiro. A consequência deste aumento foi uma frenética onda consumista. Foi uma correria para as lojas de comércio, nesta altura, centralizado então na Baixa histórica de Coimbra. Para aqui, para a zona histórica, confluíam todo o concelho e distrito de Coimbra. Aqui eram realizados todos os desejos. Numa variedade incomensurável de oferta, desde a almotolia em folha de flandres até uma albarda para burro, tudo por cá se vendia. Aliás, e por isso mesmo, por a procura ser superior à oferta o negócio prosperava e não havia mãos a medir.
Depressa José se apercebeu que o comércio de rua iria atravessar os seus melhores tempos de ouro. Empenhou-se pessoalmente nas vendas diárias das suas lojas. Para cada cliente entrado nos seus estabelecimentos, no seu entender, deveria corresponder uma venda. Com uma pressão envolvente e sentida, os seus empregados sabiam que não podiam falhar, caso contrário lá tinham de ouvir os ralhetes intempestivos do patrão.
O cliente queria uma camisola vermelha? Azar, só havia azul-marinho! Não importava! Ficava o cliente a saber que não devia comprar vermelho. Para além de não se usar, não dava com o seu tom de pele. “Veja como lhe fica bem o azul-marinho”, argumentava o funcionário, encostando a malha ao rosto do comprador, tentando convencer, e pensando para si: “se é mais uma “xizada” (se não vendo) estou tramado, lá tenho de ouvir o “Jota. Deus queira que ele compre!”.
Sem exagero, José tinha os melhores vendedores do comércio de Coimbra. Eles sabiam que o prémio da sua aplicação, no fim do ano, seria generoso e muito bem recompensados pelo patrão.
Investiu na construção civil, comprando vários edifícios por toda a cidade e mais estabelecimentos na Baixa. Em 1990 tinha 38 funcionários e 8 lojas, todas juntas, umas às outras. Na cidade era difícil lembrar a moda e a sua grande variedade de artigos sem falar em José Coimbra.
José acreditava na Social Democracia, e era fã de Sá Carneiro. Com a morte deste fundador do PPD/PSD, em Dezembro de 1980, o grande comerciante sofreu o seu primeiro desaire em projecto político-partidário. Abominava “os comunas”, “esses vermelhos que hão-de levar este país à desgraça”, espalhava por entre o seu meio, enfatizando com solenidade profética.
Quando o governo de Cavaco Silva caiu para Guterres, em 1995, José começou a ver-se cabisbaixo e preocupado com o rumo do país, e do comércio de rua. A partir daí, ninguém mais o viu sorrir. As rugas de preocupação assentaram arraiais na sua fronte para nunca mais levantarem. Nesta altura, tinha 30 empregados e a facturação das suas lojas decaía diariamente.
Morreu em Outubro de 2000, sem saber que “os comunas”, de que tanto receava, afinal eram os ultra-liberais que impregnavam o interior do seu amado partido PSD/PPD.
Sem o desejar, deixou uma bomba-relógio para o seu filho-varão resolver. Em 2004 ainda trabalhavam naquela outrora grande firma 25 funcionários, a maioria com mais de 30 anos de antiguidade.
Hoje o filho mais velho do extinto José Coimbra tem 10 funcionários. As vendas das suas agora 3 lojas não chegam para pagar os impostos. Muito menos ainda para pagar os ordenados.
Sem lhe restar outra alternativa, requereu a insolvência da firma que foi a menina dos olhos de seu pai. Vai encerrar definitivamente em Junho deste ano da (des)graça de 2008. Com o “féretro” desta grande firma, que faz parte dos anais históricos comerciais da cidade, vai-se um pouco de mim, um pouco de muitas centenas de pessoas –talvez mais de um milhar-, que ali aprenderam o “bê-à-bá” do comércio tradicional.

É caso para interrogar: Para onde vais, para onde caminhas, comércio de rua? Ao escrever isto, sinceramente, não consigo conter uma lágrima vadia de revolta.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

A LOUCURA DO JUDICIALISMO

(IMAGEM DA WEB)


 Segundo o Jornal de Notícias de hoje, "um funcionário do Tribunal de Matosinhos foi à cela de um detido na Cadeia de Custóias penhorar vários objectos pessoais, relativo a dívida de uma multa não paga, e devido a uma infracção cometida por uma mota de água".
A ordem de execução, no valor de 904.48 euros (referente a 604.48 euros de multa mais 300 euros de despesas) levou à apreensão de um televisor, uma pequena aparelhagem, um leitor de DVD e uma consola de jogos plystation. Mas o valor total dos objectos não chega para cobrir o valor total da infracção. Apesar de penhorados, os objectos não foram ainda retirados ao executado, que continua, pelo menos, para já, a poder utilizá-los, ficando “fiel depositário”.
Há dias, em Coimbra, um indivíduo, presumivelmente toxicodependente, entrou numa loja de velharias para vender um objecto pessoal que lhe era muito querido. O dono da loja, titubeante, com respeito, disse-lhe que não podia comprar aquele objecto. O homem, quase de lágrimas nos olhos, suplicou que aquele adquirisse o seu artigo, pois precisava urgentemente de 190 euros para pagar uma multa, ao mesmo tempo que mostrava o extracto de sentença, transitado em julgado pelo tribunal. Neste extracto, a multa era remível em 90 dias de prisão. O dono da loja, a gaguejar, sem saber o que lhe dizer, foi-lhe dizendo que as coisas estavam más e que não poderia comprar. Então, num gesto de compreensão, atirou-lhe: porque não faz um requerimento ao juiz a pedir que mande transformar a prisão em serviço cívico? Diz o homem: “Quem pensa o senhor que é o juiz e todo o sistema? Eles não querem saber se tenho dinheiro ou não. Eu tenho é de pagar e mais nada. Nem que tenha de ir assaltar alguém. Se não pagar vou dentro, e, assim, numa espécie de fanatismo religioso, num legalismo obsessivo, ou pago ou vou malhar com os ossos lá dentro. Só vêem aquilo e mais nada. Para eles, o que importa é que eu pague e que se cumpra a lei”.
O homem saiu, sem conseguir os seus intentos, e o dono da loja ficou a pensar até onde vai levar este autismo, falta de sensibilidade e obsessão pelo cumprimento da legalidade. Sem o sentirmos estamos novamente a viver um igualitarismo extremo, um novo positivismo jurídico, doutrina jurídica com génese na Revolução Francesa, assente num individualismo feroz, de ideia fixa, em que o importante era o cego cumprimento da lei sem ter em conta as diferenças existentes em cada indivíduo.
Não é preciso pensar muito para ver que o vendedor de ocasião, se não conseguiu alienar o objecto, inevitavelmente, assaltou alguém, ou, pelo menos, foi conseguir aquela verba por meios pouco claros. Então façamos um balanço das presumíveis consequências dele não ter pago a multa. Os danos para a comunidade não serão muito mais onerosos?
E no caso do preso em Custóias, o funcionário do Tribunal, “braço” que a mando deste cumpre este legalismo idiota, tem o direito de tirar o mínimo básico a alguém que está numa cela preso, e privado da liberdade? Tenho a certeza de que a minha opinião não será unânime, mas, por um momento, num exame de consciência, pensemos um pouco o que é melhor para a sociedade.
Será que a lei deve continuar a ser fria e cega? É que em boa verdade, por estar vendada, talvez aí resida a actual crise da justiça. Só vai preso quem não tem dinheiro.

sábado, 5 de abril de 2008

A DEFESA E A EXPLORAÇÃO (PARA RIR)

O POBRE E O RICO SÃO DUAS PESSOAS;
O SOLDADO DEFENDE OS DOIS;
O CONTRIBUINTE PAGA PARA OS TRÊS;
O TRABALHADOR TRABALHA PARA OS QUATRO;
O VADIO COME DOS CINCO;
O USURÁRIO VIGARIZA OS SEIS;
O ADVOGADO DEFENDE OS SETE;
O BÊBADO RI-SE DOS OITO;
O CONFESSOR ABSOLVE OS NOVE;
O MÉDICO MATA OS DEZ;
O CANGALHEIRO ENTERRA OS ONZE;
O ESTADO FICA COM O DINHEIRO DOS DOZE;
DEUS RI-SE, A BOM RIR; DESTES TREZE;
E TU, MEU PALERMA, TENTAS SER O CATORZE!

MENINA DOS OLHOS NEGROS

Menina dos olhos negros
morro por ti de paixão;
Menina dos olhos negros
queres tu meu coração?

Como tu não há na terra,
tão linda, tão bela flor;
Menina dos olhos negros
queres tu o meu amor?

Da capela de um arcanjo
és luzinha desprendida;
Menina dos olhos negros
queres tu meu pensamento?

Quero ser teu e tu minha
por uma doce união;
Dou-te todo o pensamento,
alma, vida e coração.

(Extracto do TROVADOR -jornal de modinhas,
de 27 de agosto de 1865)

O CEGO

Pensam que vejo e não vejo,
não vejo que cego estou;
De que me servem os olhos
se a minha luz se apagou.

Ah! Não deixes qu'eu me perca
n'esta imensa escuridão;
Oh! Anjo que me cegastes,
vem ao menos dar-me a mão!

Deixem passar o mendigo,
quem a vista não perdeu;
Só me podem dar esmolas
quem for cego como eu.

Ao visitar-te meu anjo,
a luz divina senti;
Mas ao perder-te de vista
a minha vista perdi.

Se eu cair dá-me teus braços,
dá-me pelo amor de Deus;
Talvez que receba a vista
caindo nos braços teus!

(Extracto do TROVADOR -jornal de Modinhas,
de 20 de Agosto de 1865)

DÁ-ME UM BEIJO

SE ME ADORAS, SE ME QUERES,
COMO DIZES COM ARDOR;
DÁ-ME UM BEIJO TÃO SOMENTE
EM PROVA DO TEU AMOR...

A PAIXÃO EM QUE ME ABRAÇO,
DILACERA O PEITO MEU...
DÁ-ME PRAZER, -DÁ-ME VIDA,
DÁ-ME, DÁ-ME, UM BEIJO TEU.

AMOR ANIMA E ACENDE,
EM CHAMAS DO CÉU NASCIDAS
DOIS CORAÇÕES N'UM ABRAÇO,
EM UM BEIJO DUAS VIDAS.

UMA VIDA QUE ME FALTA...
A METADE DO MEU SER,
QUERO N'UM BEIJO AMOROSO
DOS TEUS LÁBIOS RECEBER.

(Extracto do TROVADOR -jornal de Modinhas,
de 20 de Agosto de 1865)

DÁ-ME UM BEIJO

ESTES MOCINHOS DE AGORA

Estes mocinhos d'agora
já não sabem mais amar;
Fazem tudo quanto podem
para as moças enganar.

Bandoleiros, inconstantes,
só querem pagodear;
namoram a todas elas
para o seu tempo passar.

Estes mocinhos d'agora,
só desejam especular;
Procuram só moças ricas
para má vida lhes dar.

Estes mocinhos d'agora,
sentimentos já não têm;
fazem mil promessas falsas,
dizendo que, querem bem.

estes mocinhos d'agora,
o seu prazer é mentir;
Fingem tudo quanto podem
para melhor conseguir.

Estes mocinhos d'agora,
a vergonha já perderam;
Da ronha e da maldade,
muito suco já beberam.

Estes mocinhos d'agora,
não merecem compaixão;
Entes são tão abjectos
devem ir p'ra correcção.

(Extracto do TROVADOR -jornal de Modinhas, de
16 de Julho de 1865)

A VIDA E A MORTE

OLHA MÁRCIA AQUELES CAMPOS
DE SEPULCROS ALINHADOS,
ALI DORMIRÃO BEM CEDO
OS MEUS OSSOS DESCARNADOS.

SUSPENDE O PRANTO DE AMOR,
NÃO CHORES PRENDA QUERIDA;
PORQUE A MORTE NOS LIBERTA
DAS DESGRAÇAS DESTA VIDA.

QUAL AMAMOS SOBRE A TERRA,
JÁ DA VIDA ROTO VÉU;
C'O MESMO EXTREMO SE PODE
TAMBÉM AMAR LÁ NO CÉU.

(NORONHA -Extracto do TROVADOR, jornal de Modinhas,
de 9 de julho de 1865)

sexta-feira, 4 de abril de 2008

COMÉRCIO: A INDIGÊNCIA EM MARCHA

Em 21 de Setembro, do ano passado, escrevi um texto –que pode ser lido neste blogue e foi publicado, no dia seguinte, no Diário de Coimbra- a que dei o título “ A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DE SER COMERCIANTE”. Nele contava a história, um verdadeiro drama humano, de um homem, a quem chamei Anastácio, que, depois de várias décadas como empregado, um dia sonhou em ser patrão de si mesmo.
Durante uma década este homem lutou contra as adversidades da vida, do tempo, e dos homens. Há cerca de quatro anos, o seu mar de sonhos começou a ser tempestuoso. Progressivamente, o centro da cidade foi-se esvaziando, como um rio a que foi desviado o seu caudal, as ruas foram ficando cada vez mais sós e sem pregões, e, consequentemente, o estabelecimento de “Anastácio” foi ficando cada vez mais entregue aos ruídos da madeira das prateleiras, outrora plenas de artigos de moda e hoje cheias de nada, com caixas de camisa ocas por dentro, tal como o seu dono, que aos poucos foi ficando cada vez mais só, e, tal como as prateleiras, fingindo estar repletas, também a sua auto-estima se foi adaptando á realidade e fingindo que estava tudo bem. Então, há cerca de quatro anos, não aguentando a pressão dos seus credores, contraiu um empréstimo de 100.000 euros, dando de hipoteca a sua casa, onde vive com a mulher aposentada e o seu filho.
No fim deste mês de Abril, Anastácio, com 56 anos de idade, vai encerrar o seu estabelecimento. Com ele encerra um sonho, um filme de terror que preferia não ter vivido. Encerra cheio de dívidas e com uma prestação mensal ao banco de 1000 euros. Não vai ter direito a subsídio de desemprego. Com as lágrimas nos olhos, dizia-me à bocado: “perdi tudo, e até a casa, que tinha pago, vou perder. Não vou conseguir pagar os 1000 euros de prestação ao banco.
“Anastácio” tem uma funcionária – a "Maria"- com 52 anos. Trabalha nesta casa há mais de 30 anos. Mais de vinte como colega, e, ultimamente, há dez como empregada de Anastácio. Isabel, uma mulher cheia de vida, contendo as emoções, não vá uma lágrima saltar, quando lhe pergunto o que vai fazer, responde, encolhendo os ombros: “sinceramente, parece que estou anestesiada, é como se não conseguisse vislumbrar a tragédia que aí vem. Pago 250 euros de renda de casa, tenho comigo a minha mãe e a minha filha que ainda não está a trabalhar. Como é que vou viver senhor Luís?”.
E eu tenho resposta? Você, leitor, tem? Pois não, não temos mesmo! Então não fazemos nada? Que merda de comunidade somos nós, que quando dois dos nossos membros estão numa situação aflitiva nada fazemos? Está certo o nosso comportamento?
Bem sei que, para esvaziar o seu sentimento de inactividade, vai dizer que ele é que é culpado. “Quem o mandou estabelecer-se por conta-própria”, dirá você, como lavando as mãos deste drama humano. Mas o Anastácio não tem o direito de errar? E o erro seria só dele ou devido a consequências anómalas? Mesmo que fosse da sua responsabilidade, será que não tem o direito de colocar em prática o sonho? É mais fácil admirar um Belmiro de Azevedo, por ser um homem de sucesso, não é? Sinceramente!!
Bem sei que você vai referir que existe uma ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, e uma APBC, Agência de Promoção para a Baixa de Coimbra, e são eles que se devem preocupar com o futuro dos seus associados. Pois é, deveriam preocupar-se sim. Mas, coitados, andam tão embrenhados com a CIC, feira Comercial e Industrial da cidade, lá têm eles tempo para olhar para o futuro do Anastácio e da Maria. O que interessa é o trabalho político que dá no olho, o resto é paisagem.
O que é que interessa esta história? Ora, ora! Vamos mas é beber um café! Cada um que se governe! Homessa!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

GRANDE COMÉRCIO: A QUEDA DE UM MITO

As megasuperfícies comerciais tiveram um papel revolucionário e fundamental no comércio do nosso país. Até ao inicio da década de 90, do século passado, tínhamos um comércio amorfo, acomodado e pouco interessado em evolução. O seu objecto era apenas o vender o máximo ao maior lucro possível. As grandes superfícies comerciais, com um conceito inovador, vieram provar que era possível vender a baixo preço, afectando apenas uma ínfima margem de comercialização, desde que se alienasse em grandes quantidades, e baseado no rápido escoamento. Este embaratecimento dos produtos, diga-se, levou à democratização do consumo e ao acesso dos consumidores a todos os bens, de primeira necessidade e suplementar. Ou seja, aparentemente “a mão invisível” de Adam Smith estava em marcha –este princípio, de 1776, sustenta que na prossecução egoísta exclusiva, de cada um, agindo no seu benefício pessoal, todos os indivíduos são levados, como que por uma mão invisível, a atingir o melhor benefício comum. Tudo parecia indicar que através de uma concorrência, ainda que imperfeita e naturalmente egoísta, todos os consumidores sairiam a ganhar.
O problema começa a surgir quando o grande comércio, tal como jacinto de água –planta, que pela sua rara beleza pode revolucionar uma bacia de água, mas que extingue tudo o que seja vida à sua volta- progressivamente, vai aniquilando todas as lojas de aldeia, bairro ou dos centros históricos das cidades.
Paralelamente, na agricultura, aconteceu um fenómeno parecido. Tendo em conta o teorema das vantagens comparativas -em que cada país apenas deve produzir, para vender aos outros, os bens, cujos custos de produção sejam inferiores aos verificados no estrangeiro-, e também, a partir de 1986, com a aderência à então CEE, foram sendo aposentados compulsivamente os agricultores considerados excedentários, uma vez que os bens agrícolas eram importados a preços inferiores ao custo dos factores nacionais. Também aqui quase parece ter havido intenção deliberada ou, no mínimo, omissão dos nossos governantes dessa altura. Hoje vê-se que foi um erro de palmatória quase acabar com o sector primário. Já começamos a pagar a factura com elevados juros.
No sector terciário, igualmente, assistiu-se, gradualmente, por parte dos sucessivos governos a um “laissez-faire-lessez passez", isto é, o Estado, em nome de uma doutrina liberalista, foi deixando de intervir na sua qualidade de necessário árbitro. É assim que chegamos à Lei 12/2004, de 30 de Março, em que o governo delega o licenciamento para uma Comissão Municipal. Esta Comissão, constituída pelo presidente da Câmara Municipal, pelo presidente da Assembleia Municipal, pelo director regional de economia, pelo representante do Instituto do Consumidor e pelo presidente da Associação Comercial. Se atentarmos nesta composição, facilmente chegamos à conclusão que ela infere de vício de forma. Verifica-se que as forças em presença estão desequilibradas. O representante dos comerciantes está na (des)proporção de um para quatro. Daí se entenda que a todas as licenças para aberturas de grandes superfícies, em qualquer cidade do país, fosse dado provimento, mesmo contra a oposição patronal do comércio tradicional. Com a nova lei de licenciamento, em perspectiva, mais uma vez esse poder é passado para as autarquias. Os executivos camarários, preocupados em mostrar obra feita, desde piscinas, rotundas, pavilhões multiusos, e promessas de criação de novos postos de trabalho, até agora pouco se preocuparam com a desertificação do miolo urbano e o encerramento continuado de mais e mais lojas comerciais. Mesmo sabendo que os novos empregos gerados, na maioria precários, são à custa da deslocalização de um lado para outro. Assim como, todos, vamos assistindo a um descarado aumento de preços, consequência de uma estratégia monopolista e de duopólio centralizado do grande comércio.
Além de mais, a maioria dos autarcas sabe que existe incumprimento contratual por parte dos grandes centros comerciais, mas, mesmo assim, todos fazem tábua rasa sobre o assunto. Preferem calar-se a admitir que foram enganados. E é aqui, chegado a este ponto, que mostro o motivo que me levou a escrever este texto. Segundo vários jornais nacionais e particularmente o Jornal da Mealhada (http://www.jornaldamealhada.com/), noticiam, em primeira página, que a autarquia Mealhadense denunciou o incumprimento da empresa LIDL & Companhia. Com uma manifesta coragem, Carlos Cabral admite ter sido enganado, e que aquela empresa, comprometendo-se a empregar 19 trabalhadores, apenas empregou 1 funcionário a tempo inteiro. Os restantes 18, muitos deles, trabalhando uma hora por semana, auferem somente, 13,60 euros, mensalmente.
Apesar de ser sobrecarregado com o ónus de ter ajudado a licenciar aquele empreendimento comercial, uma coisa temos que admitir: foi um acto de coragem. Pode ser que o seu exemplo seja seguido por outras autarquias, e denunciem esta “fraude”. Sinceramente, a bem do que resta e da salvação do pequeno comércio, faço votos para que assim seja.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

DÁ-ME UM SORRISO

Diz-me, ó bela, se me amas;
Escuta com atenção;
Dá-me um sorriso dos teus lábios,
consola meu coração.

Se teu afecto é volúvel,
porque me iludes em vão?
Pede ateu anjo um punhal,
e me crava o coração.

Ah! Como sou infeliz,
amar e não ser amado,
ser pelo anjo que adoro,
pouco a pouco desprezado.

Prudência, tu és a mãe
dum infeliz como eu;
já gozei horas felizes,
meu coração já bateu.

(Extraído do TROVADOR –jornal de modinhas-,
De 14 de Maio de 1865)

LUNDÚ

LUNDÚ
(ENGRAXATE, IMBERNIZATE A LA MODE DE PARIS)

Que maldita é esta vida,
sois e chuvas suportar,
escovas, graxas em potes,
eu sozinho a carregar.

Não sabem? Já meu retrato
no caixão mandei pregar,
para ver si com tal luxo
atenção vou despertar.

Porém se eu vejo um freguês,
com força o colega diz:
Imbernizate, ingraxate,
A la mode de Paris.

Então fico a ver navios,
num mar de graxa atolados,
quando os pés dos tais fregueses
pedem ser assim chamados.

Mas aos males tão cruéis,
que sente meu coração,
encontro meus namoricos
por terna compensação.

Namoro toda a crioula,
Seus olhos têm atracção;
Das brancas nem mesmo a cor
Me causam mais sensação.

Que casamento feliz
Dentro em pouco irei gozar,
Indo abrir com a crioulinha
Uma casa para engraixar.

Seremos muito felizes,
O meu coração me diz;
A ela unido p’ra sempre
A la mode de paris.

(Extraído do TROVADOR –jornal de modinhas-,
De 14 de Maio de 1865)

DESALENTO

Quando eu morrer, minha morte
não lamentes, caro amigo;
O sepulcro é um jazigo
onde devo descansar;
A minha triste existência
é tão pesada, é tão dura
que a pedra da sepultura
já não me pode pesar.
Uma lágrima, um suspiro,
eis quanto custa morrer;
Custa-nos sempre o viver
prantos suspiros sem fim:
Que tormento fora a vida
se não fosse transitória!
Não me risques da memória,
porém não chores por mim.
Enchem trevas o sepulcro,
mais ninguém dele se queixa
quando o morto os olhos fecha;
Não quer luz –quer descansar;
Aquele fundo silêncio,
aquele extremo abandono,
dão-lhe tão tranquilo sono,
que não pode despertar.
Já tive medo da morte,
agora tenho da vida;
Sinto minha alma abatida,
sem vigor o coração;
Já cansado de viver,
para a morte os olhos lanço,
vejo neles o meu descanso,
a minha consolação.

(Extraído do TROVADOR -jornal de modinhas-,
De 7 de Maio de 1865)

terça-feira, 1 de abril de 2008

1ºDE ABRIL, DIA DAS MENTIRAS

Como hoje é dia das “galgas”, qual a maior mentira que gostaríamos de receber e ser enganados? Talvez o Iva a 16%? Quem sabe, por exemplo, que o Governo, em face do constante desaparecimento de pequenas e médias empresas, e tomando o modelo de Espanha, decidiu elevar a isenção de impostos daquelas para 150.000 euros, em vez dos actuais 6000? O Governo, ao tomar esta medida, teve em conta que vale mais a prossecução do emprego gerado e mantido do que os impostos que estas contribuem para os proveitos da Nação. O Governo chegou à conclusão que o elevado desaparecimentos destas empresas, paradoxalmente, aumenta a despesa pública.
Outra notícia enganadora: que todos os homens, hoje, oferecem uma rosa vermelha às suas mulheres. Poderia ser? Podia, só que é mesmo mentira.
Outra ainda, em Coimbra: “Carlos Encarnação, homem de rotinas, devido ao receio de atentado bombista pela “Alkaeda”, decidiu alterar o seu percurso diário entre a antiga Rua das Fangas e a Praça 8 de Maio. A partir de agora, diariamente, antes de entrar nos Paços do Concelho, dará uma volta pela Baixa da cidade. Assim, além de despistar os bombistas, tomará conhecimento in loco dos imensos prédios com obras paradas há vários anos. Certamente irá parar na Praça do Comércio; na Rua Velha; no Largo da Freiria; no Largo da Maracha; na Rua dos Oleiros, e no Largo das Olarias, antigo “bota-a-baixo”, vai parar, e, num minuto de silêncio, em catarse, fará “arakiri”, um mea culpa, e pedirá perdão a Deus –e ao povo de Coimbra- por ter mandado demolir todo o casario medieval do casco urbano da Baixa.
E vejam esta, no Diário de Coimbra: “Câmara Municipal evita, in extremis, o encerramento e desbaratamento do acervo do Museu da Ciência e da Técnica Doutor Mário Silva”. Segundo o jornal, Carlos Encarnação convocou uma conferência de imprensa, e ladeado pelo vereador da Cultura, Mário Nunes, em tom enfático, declarou que contrariamente ao que muitos afirmam, de que ele é um tecnocrata rígido e frio, pelo contrário, é um homem de cultura e gosta muito de arte. E, de braços alargados, como a querer abraçar todos os jornalistas, declarou que se tinha empenhado pessoalmente para que o Museu da cidade não desaparecesse. Tinha sido muito duro, conseguir que Sócrates voltasse atrás, mas conseguiu, declarou ufano. “E que custos foram esses, senhor presidente? Interrogou um jornalista. Respondeu Carlos Encarnação, foram dois: “Que não me recandidatasse novamente e me filiasse no Partido Socialista”. Para mostrar que era verdade, que gostava mesmo de arte, levou os jornalistas a sua casa, na Rua Fernandes Tomás, e mostrou-lhes os imensos quadros de Mário Silva, filho do patrono e fundador do museu com o mesmo nome.
Outra ainda: “Afinal Sócrates é humano, até chora condoído com as crianças, ao entregar-lhe computadores”. Claro que você não acredita nesta. É demasiado evidente que é uma mentira claríssima. Quem é que vai acreditar nesta? Só se fossem lágrimas de crocodilo que o homem hermético chorasse.
E mais uma: “Alunos do Secundário exigem telemóveis ao primeiro-ministro”. Segundo a notícia, uma grande maioria de alunos consideram-se discriminados e alegam ter direito a telemóveis “última geração” para poderem filmar à vontade o que se passa nas aulas.
Outra ainda: “O governo pondera aumentar o ordenado mínimo para 600 euros”. Ao que parece, esta medida provocatória, pretende, deste modo, desencadear o empreendedorismo. Como o contrário, ou seja, o manter os ordenados abaixo da inflação, não tem evitado o endémico estado da economia, entende o executivo de Sócrates que assim os agentes económicos serão obrigados a sair da "cepa torta” e do comodismo.

CÂMARAS OLHÍSTICAS APROVADAS

Foi aprovada, pelo executivo municipal, a instalação de 17 câmaras de videovigilância na área central de Coimbra. Nomeadamente, entre o Largo da Portagem e Avenida Fernão de Magalhães, as Ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz, e a zona da Alta da cidade.
O “camarada” Gouveia Monteiro, naturalmente, esteve contra. “Trata-se de uma ideia que não tem a minha simpatia. Esta instalação deve-se à pressão exercida pelos comerciantes da Baixa”, enfatizou o vereador comunista. Isso é que é uma avaria! Ninguém se surpreende por este senhor não nutrir qualquer simpatia pelos comerciantes da Baixa. Este outrora “grande capital” continua a fazer mossa no cérebro do “barão vermelho”. É uma espécie de espinho cravado, que nem o facto do patente empobrecimento contínuo dos comerciantes, alguns à custa de vários assaltos, lhe alivia a dor, e que não passa ao homem que faz parte da troika laranja. Se estes comerciantes fossem ciganos do Ingote, aposto que o “companheiro” estava pronto a defender a segurança, como não são, evidentemente que está contra. Já agora, se possível, podia ser mais coerente. Se é tão a favor das minorias, esquece-se que os comerciantes de rua estão em declínio e já são minoria? E que tal se lhe mudassem a cassete? Os conimbricenses até agradeciam. Deveria estar na altura do “camarada” mudar. O marxismo-leninismo é apenas uma filosofia política. Nada mais. A prática, do século XX, mostrou que é uma utopia. E se o companheiro perdesse esse “formatado” e optasse por uma esquerda moderna e varresse as teias de aranha do passado? Não era bom? É que assim a continuar, bem se pode outorgar defensor dos pobres e oprimidos que, com o votos destes, não chegará jamais a presidente da Câmara Municipal de Coimbra. E é uma pena. Digo eu, porque reconheço-lhe muitas qualidades de homem simples e trabalhador, mas, se o “camarada” permite, é preciso assediar e convencer a maioria dos Coimbrãos e não as minorias como o “companheiro” vem fazendo há muito tempo.