sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

UM MONUMENTO AO ESBANJAMENTO PÚBLICO






 Por volta do virar do século, em 1999-2000, ainda no mandato de Manuel Machado, anterior presidente da edilidade Coimbrã, foram colocados cerca de uma dúzia de pinos à entrada de várias artérias do Centro Histórico. Estes “mamarrachos” tinham a função de limitar o acesso automóvel a esta zona monumental. O seu horário de interdição era das 10 às 20 horas. Ou seja, às 10 horas levantava-se um “pirete” que impedia a entrada ou saída de viaturas do casco histórico.
Fazendo um pouco de história, diga-se a propósito que estes postes fálicos nunca funcionaram devidamente. Quem controlava o seu horário eram os bombeiros. Acontece que umas vezes encerravam mais tarde, depois das 10 horas, outras vezes não baixavam às 20 horas para permitir o acesso dos comerciantes para abastecerem as suas lojas. Chegaram a dar água pela barba aos homens do comércio. Além de mais, salvo erro, chegaram a ficar danificadas algumas viaturas, sobretudo de manhã, quando coincidia o levantamento do “pirete” com a passagem dum carro no mesmo momento.
Além disso, numa metodologia discricionária, a autarquia distribuía cartões a residentes e alguns -apenas alguns- comerciantes que, mesmo nas horas interditadas, lhes permitia entrar e sair quando quisessem. Isto é, com esta medida liberatória a função dos pinos, que seria evitar a entrada de viaturas durante o dia, era nula. Depois, como ninguém entendia a equidade de distribuição dos cartões de acesso, muitos trataram de arranjar uma chave que abria o pino a qualquer momento. Em suma era uma rebaldaria completa. De tal modo que, aos poucos, foram sendo arrancados e destruídos. Hoje, como monumento à incapacidade de gerir o erário público, e mostrando que é através de soluções simples que se resolvem problemas complicados, os poucos  pinos resistentes por aqui jazem abandonados. Devem restar cerca de meia dúzia espalhados pela Baixa sem qualquer função operacional.
Salienta-se, em conclusão, que a implantação destes monumentos fálicos custaram à autarquia cerca de 80.000 euros, fora a logística.

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