quarta-feira, 29 de outubro de 2008

QUEM AJUDA AS CIDADES E O "BORDA D'ÁGUA"?






O “Borda d’Água” é uma respeitosa revista impressa e distribuída pela Editorial Minerva, com sede em Lisboa. Deverá haver poucos portugueses, sobretudo os mais velhos, que não conheçam “o Verdadeiro Almanaque” que desde a década de vinte, do século passado, ajuda todos os agricultores nas sementeiras e, ainda, com algumas dicas para tratar da “saúde” dos campos e prevenir doenças antes das colheitas.
Esta reputada Editora, que para além da edição do “Borda d’Água” também se dedica à procura de novos poetas e prosadores para editar, foi fundada em 1927 por Manuel Rodrigues e, segundo a revista, teve outros continuadores da obra, tais como, Artur Campos, João Domingues, Teixeira da Mota e agora a actual directora Célia Cadete.
O que me levou a escrever este apontamento foi o facto de hoje, cerca das 11horas, na Praça 8 de Maio, junto à Igreja de Santa Cruz, em Coimbra, andarem cerca de seis mulheres, algumas com crianças, presumivelmente, romenas, onde não faltavam os vários dentes de ouro, lenço na cabeça, saias compridas, e lengalenga em forma de caldo de culturas portuguesa e dos países de leste.
O que me chamou a atenção foi a forma de abordagem incomodativa, a maneira como se “colavam” aos transeuntes. Chegavam a arrastar-se, atrás dos passantes, cerca de 30 metros. O método de “abalroamento” era sempre o mesmo. Com vários almanaques do “Borda d’Água” na mão (algumas também com pensos), tentavam “impingir” a revista, quando as pessoas se mostravam desinteressadas no pequeno livro passavam à “pedinchisse” descarada, acompanhada por uma lamúria monótona, fastidiosa, numa lamentação de fazer chorar as pedras da calçada.
Reparei que algumas pessoas, sobretudo senhoras, para se verem livres destas “sarnas”, acabavam por parar e darem uma moeda.
Como todas ostentam vários maços de “Borda d’Água”, e depois de ter adquirido um, pensei para mim: será que Editora Minerva, de Lisboa, colabora com este “bota-a-baixo” da reputada revista? Sim, porque não é difícil de ver que esta venda agressiva –aliás, com legislação própria e proibida por lei-, inevitavelmente, a curto prazo vai “enterrar” o “Borda d’Água”. Vai daí, liguei para a Capital e falei com Tânia Angelino, funcionária da editora Minerva e proprietária dos direitos de autor da emissão da revista, dirigida aos agricultores e público em geral.
Segundo as declarações desta senhora, “o que se verifica é que os distribuidores, alguns sem escrúpulos, vendem a quem quer que seja, sem terem em conta as consequências para a obra registada. Nos últimos anos, já por várias vezes, têm-se verificado, inclusive, a contrafacção grosseira, em fotocópias agrafadas. “Há dois anos apresentámos queixa e ainda hoje estamos à espera de resultados”, ninguém se importa, é o país que temos, que havemos de fazer?”, conclui esta senhora em profundo desânimo.
Há dias, escrevi aqui, neste blogue, uma crítica ao procedimento da Polícia Municipal (PM) a incomodar uma exímia instrumentista de concertina, que, por sinal, estava legal e até lhes apresentou o devido licenciamento. Estes senhores PM, num gozo indecoroso, foram ao limite de lhe perguntar se ela, a Patrícia, a instrumentista, tinha livro de recibos para passar a quem lhe deixava uma moeda.
Então, neste continuado pressuposto, em que assistimos a várias ilegalidades, o que espera a PM para intervir? Ficamos todos à espera. Pelo que me toca, pelo sim, pelo não, estou sentado.

1 comentário:

Anónimo disse...

Boas..... antes de mais parabés pelo seu blog. Gostei bastante....

Relativamente ao tema dos pedintes "romenos" (efectivamente não sei bem qual a nacionalidade destas pessoas), devo dizer que neste preciso momento me sinto muito revoltada com a burrice portuguesa perante estes "pedintes"....Por acaso nunca fui de dar dinheiro a pedintes, mais depressa lhes pagava qualquer coisa para comerem...mas agora com o que tenho visto nas ultimas semanas não há ninguém que me arranque um cêntimo, seja em dinheiro ou em géneros para estas pessoas.... Isto porque trabalho num estabelecimento comercial com mesa de bilhar, onde todos os dias desta ultima semana 12 a 15 "romenos" deixam todas as noites mais de uma centena de euros apenas em jogo e cerveja....Dinheiro ganho pela boa-fé(ou burrice, como quiserem)das pessoas que alimentam esta pedinchice indecente. Com os adultos veem também 3 rapazes (2 dos quais ainda crianças mesmo)que se vão desde já habituando a este tipo de vícios, pelo que isto continua num ciclo vicioso, porque as pessoas pensam mesmo que este pessoal nao tem o que comer. Devo dizer que nenhum dos que lá vão tem corpo de quem passa fome...e os rapazes comem todos os dias sem excepção no MacDonalds....
Infelizmente a eficiência nula da Polícia Municipal perante as situação de pedinchice só é compensada pela sua inegualável eficiência em passar multas de estacionamento. Só um pedido....deixem de dar o que quer que seja a estas pessoas, porque não estão a matar-lhes a fome mas sim a alimentar os seus vícios.

Peço desculpa pelo desabafo mas efectivamente esta situação deixa-me bastante triste com a estupidez humana...

Até uma próxima...