quinta-feira, 21 de junho de 2007

COIMBRA: O QUE TORNARÁ A ACIC TÃO APETECÍVEL?

(IMAGEM DA WEB)


 Segundo o jornal Diário de Coimbra de hoje, dia 21 de Junho, a Associação Comercial e Industrial de Coimbra (ACIC) elegerá nova Direcção na última semana de Julho e o candidato da continuidade será Paulo Mendes. 
Recorda-se que este comerciante tem sido o tesoureiro das sucessivas direcções que se iniciaram em 1998, com o engenheiro Pina Prata como timoneiro desta associação comercial de reconhecido interesse público. Com a renúncia forçada de Pina Prata em 2005 sucedeu-lhe Paulo Canha, já então, à época, presidente do sector industrial daquela associação. Lembra-se que durante mais de dois anos Pina Prata acumulou a presidência da ACIC com a vice-presidência da Câmara Municipal de Coimbra. Depois de um primeiro triénio interventivo (1998-2001), digno de nota, pela afronta reivindicativa ao poder instalado na Praça 8 de Maio, com gerência de Manuel Machado, eis então, com a queda deste economista e ascensão da equipa social-democrata, chefiada por Carlos Encarnação e acessorada pelo presidente da associação dos comerciantes, que a ACIC entra num período conturbado, uma espécie de morte clínica, em que o seu papel é meramente institucional, sem nenhum resultado prático-reivindicativo para os comerciantes estabelecidos de Coimbra e do distrito. A partir do momento em que Pina Prata ascende a segundo na autarquia, ficando com uma perna na associação e outra na Câmara Municipal, o papel institucional da ACIC pouco mais tem sido do que elaborar os projectos do URBCOM e o seu seguidor MODCOM –programas financiados pela Comunidade Europeia visando a modernização do comércio tradicional. 
Com as suas finanças pelas ruas da amargura -sabe-se que ainda há poucos meses foi contraído um empréstimo de cerca de um milhão de euros- em que tem vindo continuamente a perder associados, um pouco pelo seu apagado e apático estado de letargia, mas também pela profunda crise, anímica e material, que se abateu sobre todo o comércio de rua e sobre os comerciantes. Estes, pelo desânimo, já há muito deixaram de acreditar em quem se diz representá-los e, na prática, pouco faz em prol da sua defesa. Então, descrentes e ao mesmo tempo tentando poupar algum dinheiro, o caminho, ainda que errado, tem sido a sua desvinculação dos órgãos representativos.
É então, chegados a este ponto, que a pergunta surge: o que faz correr os candidatos a candidatos à presidência da ACIC? Por analogia comparativa com a Câmara Municipal de Lisboa, o que fará mover estes concursantes, sabendo à partida que são instituições falidas, com gestões a raiar o danoso, e praticamente descredibilizadas? Só vejo uma resposta: todos querem, no mínimo, ganhar uma fatiazinha de poder, que lhes permitirá no futuro ascender a outros voos mais ambiciosos e lucrativos.
Neste caso da ACIC, esta solução de continuidade, apresentada hoje, visa, no fundo, continuar um trabalho anémico e talvez evitar que uma nova equipa se apodere do poder e não venha a tomar a veleidade de, por exemplo, pedir uma auditoria externa. Assim como, também, sanear algumas colocações “metidas à pressão” nos últimos anos e que, duma forma a raiar a displicência administrativa e de gestão pouco clara, estão a encaminhar esta prestigiada associação centenária para o abismo.
Para além desta candidatura, outras irão nascer, e tenho a certeza absoluta de que vão surgir várias, inclusive uma ligada ao ex-presidente Pina Prata- algo me diz que assim será-, o que os move é apenas a notoriedade e a ambição paradigmatizada no seu umbigo. A menos que haja algum terramoto, e esses ninguém os pode prever, e, então, nesse caso, aparecerá uma lista de salvação da ACIC. As listas do sistema que irão surgir versarão apenas o interesse pessoal e nunca, ou jamais, o interesse duma classe de comerciantes, outrora orgulhosa, que hoje se arrasta no limiar da indigência.
Num slogan outrora conhecido, apregoava-se, de acentuada reivindicação revolucionária, que o poder deveria ser dado ao povo. Hoje, duma forma institucionalizada, de boca-a-boca, de acentuada descrença no sistema vigente, deverá dizer-se: 
DÊ-SE UMAS MIGALHAS DE PODER, ENCHA-SE A BARRIGA A ESTES DEFENSORES DE SI PRÓPRIOS, ATÉ LHES PROVOCAR UMA INDIGESTÃO E UMA DIARREIA QUE OS ARRASTE, NESTE RIO FÉTIDO, PARA UM MAR INFESTADO DE PORCARIA.

Sem comentários: