quarta-feira, 6 de junho de 2007

2- A BAIXA DE COIMBRA: QUE FUTURO?




  Decorreu uma sessão de câmara, no dia 5 de Junho, sobre o tema “A Baixa de Coimbra: que futuro? Estratégias de Revitalização Comercial”. Como já vai sendo, infelizmente, hábito, em vez de começar às 21 horas, como anunciado, começou às 21,30, o que levou um comerciante a chamar a atenção para o facto, já considerado vício da nossa cidade: os tais abjectos 15 minutos de tolerância académica, neste caso 30 minutos.
Naturalmente com abertura solene pelo presidente da Câmara Municipal, Carlos Encarnação e depois seguida pela explanação do “Projecto Urbe Viva”, pelo eng.º Sidónio Simões, director do Gabinete para o Centro Histórico. A seguir foi a apresentação do estudo efectuado, no âmbito do citado projecto, tendo em conta as assimetrias verificadas, sobre vários tópicos, entre a Baixa (zona histórica) e a Solum (zona emergente), pelo Professor Henrique Albergaria, do Instituto de Estudos Regionais e Urbanos.
Após esta apresentação, seguiu-se a apresentação da Agência de Promoção da Baixa de Coimbra (APBC), por Raul Marques, director desta entidade. Seguidamente, foi apresentada a perspectiva institucional da ACIC e seguiu-se então o debate que, contrariando todas as expectativas, foi acalorado e sem ser coarctado o direito expresso e legítimo de falar a ninguém. Sem moderador, esta posição foi assumida, e muito bem, por Carlos Encarnação.
Vamos então explicar em que consiste o projecto "Urbe Viva". Este plano é financiado pela comunidade Europeia, que tem por temática de estudo a revitalização de áreas económicas centrais, concretamente o seu comércio tradicional. São parceiros deste projecto outras cidades comunitárias, como Bolonha, Veneza, Pádua, Patras e Santa cruz de Tenerife.
Segundo um bloco explicativo, distribuído no Salão nobre da Câmara Municipal, o objectivo do “Urbe Viva” é a troca de boas práticas e experiências entre estas cidades e no que diz respeito à revitalização das suas zonas urbanas centrais, tendo com fim último a produção de um manual de boas práticas que possa servir de orientação nesse sentido.
A origem deste projecto surgiu da necessidade de fazer face a um problema que confronta, hoje em dia, várias regiões da Europa e que está fortemente relacionado com um conjunto de factores económicos e sociais. Trata-se da perda de atractividade das áreas urbanas centrais, que no caso da Baixa de Coimbra, se manifesta de forma muito real. Este fenómeno, também relacionado com difusão crescente de centros comerciais em zonas menos centrais, torna-se, assim, causa e consequência do risco de abandono do centro da cidade.
Perante este cenário, ainda segundo o folheto explicativo, o projecto "Urbe Viva" parte da ideia de que as políticas públicas para combater o declínio dos centros urbanos têm de ser planeadas e promovidas por um organismo único de coordenação resultante de uma forte parceria público-privada.
Os objectivos específicos deste projecto são:


a)-divulgar e incentivar nas cidades parceiras uma estratégia de gestão para uma
eficaz requalificação das áreas urbanas centrais;


b)-promover a criação de parcerias público-privadas coesas e formas de planeamento
urbano negociadas e participadas;


c)-Encorajar os parceiros a desenvolver políticas e acções coerentes com o quadro
estratégico elaborado, definidas em conjunto pelos diferentes agentes urbanos
envolvidos e com a intenção de regenerar as áreas urbanas centrais e, ao mesmo
tempo, aumentar as oportunidades de emprego, explorando o património histórico da
cidade;


d)-Promover a cultura da avaliação prévia e à posteriori das políticas públicas e do
instrumentos do desenvolvimento urbano;


Passaremos então ao desenvolvimento do acalorado debate, onde os cerca de duas dezenas de comerciantes e alguns, poucos, industriais de hotelaria expuseram livremente o que pensavam e conforme as suas necessidades que encontravam no relacionamento com a autarquia. Carlos encarnação esteve no seu melhor. Enfiando a máscara da humildade, que tão bem sabe usar, sobretudo, quando fita a assistência, olhos-nos-olhos e, com a maior candura do mundo, exclama: “os senhores conhecem-me, sabem que eu faço o que posso, eu conheço e vivo na Baixa…só que não tenho uma varinha mágica”. A todos foi dando algumas respostas, em forma de refutação, e a outros prometeu interessar-se pela resolução dos seus problemas.
O “Qui pro Quo” aconteceu quando um comerciante -passando a imodéstia por me citar, eu- o sujeitou a vários casos concretos, decretados pela câmara, que vão no sentido contrário da revitalização do comércio e da zona habitacional. Carlos Encarnação negou alguns e interpelou o comerciante tentando saber onde fora ele buscar tais informações (falsas, segundo o presidente Encarnação). O comerciante afirmou, peremptoriamente, que podia provar tais afirmações: elas foram recolhidas nos jornais da cidade e no jornal Público.
Então afirmou Carlos Encarnação: “ó meu amigo, não se pode acreditar em tudo o que os jornais escrevem. Cada um de nós tem de fazer a triagem da verdade”.
Insiste o comerciante: “pelo silogismo, quer dizer o senhor presidente que os jornais não serão credíveis. Não deveria a autarquia rectificar essas noticias carregadas de inverdades e, diria até, maledicentes?”
-Ó meu amigo, se eu andasse sempre a desmentir o que os jornais publicam, não faria absolutamente mais nada –respondeu  o presidente da autarquia de Coimbra.

Sem comentários: