Depois de uma campanha - para uns atribulada, para outros normalíssima, para outros ainda risível e pouco esclarecedora – onde, sobretudo, sobressaiu o apelo ao voto, chegámos à véspera do acto eleitoral, o chamado “Dia da Reflexão”. Este dia de meditação, em que não se pode fazer campanha, com apelo ao voto, e falar em partidos concorrentes às eleições, onde o atropelo é severamente sancionado pela Comissão Nacional de Eleições, trouxe, de novo mas com maior acutilância, à discussão pública da necessidade de manter este quebra-rotina, este interregno eleitoral.
Depois do voto antecipado se tornar uso para alguns milhares de portugueses, o argumento dos defensores da abolição do “período de nojo” começa a fazer sentido. Contudo, como neste tempo efémero de campanha, por ventura, nunca houve tanta indecisão, cerca de 20 por cento de eleitores, se calhar, continua a fazer sentido, nem que seja para abafar o ruído provocado pelos candidatos.
Ainda que o meu voto valha o que vale, somente uma unidade pessoal e intransmissível, talvez o único acto que no momento de colocar o “papel” na urna, de facto, não distingue classes, ricos, pobres e remediados, confesso que, desde sempre que votei, jamais me senti tão indeciso em a quem dar o meu voto. Ainda que isto pouco interesse, mas só ontem à noite tomei uma resolução. Para mim, salvo uma excepção partidária em que o eleitor é fiel, com maior relevância, contou menos a ideologia e mais o perfil dos candidatos.
Ainda que esta cruzada fosse classificada como os bons elegíveis, os menos eficientes no desempenho que se espera, e os maus a evitar como belzebu, onde, pelas poucas diferenças apresentadas pelos concursantes aos cidadãos, caíram as poucas barreiras que dividem a Esquerda e a Direita.
Hoje, o eleitor comum apenas está preocupado com os problemas que o assomam e preocupam no quotidiano. E tanto lhe faz que a solução resida num lado como noutro – para além de outros que, depois de cinquenta anos a votar sempre nos mesmos e as dificuldades básicas se manterem, como exemplo, a habitação, o ensino, a saúde e a deterioração dos serviços públicos, decidem romper com a tradição na agremiação que abraçaram desde novos.
Todos os partidos e candidatos, uns mais que outros, devem merecer o nosso respeito pela sua vontade de, com a nossa colaboração expressa no voto na urna, tornar Portugal um país melhor onde, jovens, cidadãos de meia-idade e idosos, se possa viver com dignidade, segurança e alguma felicidade, seja esta ciclónica, curta e faseada.
Nunca na minha longa vida aconselhei o voto seja em quem for – e detesto quem o faz ainda hoje com mensagens telefónica ou através das Redes Sociais. Por conseguinte, tal como em períodos eleitorais análogos, faço o apelo para que, amanhã, não deixe de exercer o seu direito/obrigação e, com desculpas esfarrapadas, “como estava a chover ou tive uma dor de barriga”, deixe de exercer a sua vontade, repito, a sua vontade, em quem deve vestir o fato da responsabilidade e governar o país nos próximos quatro anos.
Não deixe que, devido ao seu comodismo, outros decidam por si. Todos temos uma quota-parte de responsabilidade na “entronização” do próximo primeiro-ministro.
Vamos lá!